Introdução
A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma infecção do aparelho genital superior feminino (colo do útero, útero, trompas e ovários, podendo alastrar-se para órgãos adjacentes)
É geralmente uma infecção ascendente e organismos sexualmente transmissíveis são frequentemente implicados.
Frequência
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ~20/1000 mulheres/ano sejam afectadas.
Causa
Os microorganismos mais frequentes são os mesmos da infeção a clamídia e da gonorreia.
Como fatores de risco temos: relação sexual sem preservativo, múltiplos parceiros sexuais (mais de 2 em 30 dias ou mais de 4 em 6 meses); novo parceiro sexual há menos de 30 dias; status socioeconómico baixo; antecedentes de DIP; doença sexualmente transmissível; ou cirurgia/procedimento uterino.
Sinais e sintomas
O principal sintoma é a dor abdominal/pélvica, raramente com duração superior a 2 semanas. Geralmente apresenta ainda dor durante as relações sexuais, com movimentos corporais bruscos e/ou durante a menstruação.
Concomitantemente, pode haver febre, perda de sangue via vaginal (tanto nas relações sexuais como fora do período habitual da menstruação), sintomas urinários e alterações do corrimento vaginal (amarelo ou esverdeado, com cheiro intenso e desagradável).
O que fazer
Perante sintomas ligeiros, nomeadamente alterações do corrimento, deve dirigir-se ao seu médico assistente para avaliação do mesmo.
Caso, pelo contrário, tiver dor intensa, perda de sangue e/ou febre, deve dirigir-se ao serviço de urgência para realizar um exame ginecológico, análises e, se necessário, ecografia ginecológica.
Tratamento
O tratamento da DIP consiste essencialmente em iniciar antibioterapia precoce e medicação para os sintomas.
Durante o tratamento, recomenda-se também o tratamento do parceiro e a abstinência sexual, de modo a promover um tratamento eficaz.
A antibioterapia consiste na junção de vários antibióticos que poderão ser realizados de forma injectável/oral e em ambulatório ou, se cumprir alguns critérios, de forma endovenosa e em regime de internamento. A duração é longa (14 dias), embora sejam expectáveis melhorias após 48 horas de tratamento.
Alguns dos critérios de internamento são:
- Doença clinicamente grave (suspeita de infeção grave, febre alta, etc.)
- Incapacidade de exclusão de emergência cirúrgica (p.ex. apendicite)
- Gravidez
- Abcesso tubo-ovárico
- Intolerância oral
- Suspeita de incumprimento de terapêutica em ambulatório
- Ausência de resposta ao antibiótico oral após 72 horas
Em alguns casos, pode haver indicação para recorrer a cirurgia:
- Ausência de resolução após >72 horas de terapêutica médica;
- Instabilidade hemodinâmica;
- Sinais de rotura de abcesso tubo-ovárico (abdómen agudo, sépsis);
- Abcesso tubo-ovárico de grandes dimensões.
O tratamento dos parceiros é feito com antibiótico intramuscular/oral em ambulatório.
Evolução / Prognóstico
Após o tratamento, deve ser reavaliada pelo médico assistente porque pode ter indicação para voltar a ser testada para os microorganismos mais frequentes (Chlamydia Trachomatis ou Neiserria Gonorrhoeae).
O diagnóstico de DIP está associado a complicações, como:
- Recorrência da infecção
- Dor pélvica crónica
- Dor durante as relações sexuais
- Alterações crónicas das trompas uterinas
- Infertilidade
- Gravidez extra-uterina
Estas complicações são menos frequentes quando o diagnóstico é feito atempadamente e o tratamento instituído precocemente.
Prevenção / Recomendações
Pacientes com história de DIP devem ser avaliadas quanto à indicação de vacinação para prevenir outras infecções sexualmente transmissíveis, incluindo hepatite B e vírus do papiloma humano
A incidência da DIP pode ser significativamente reduzida com a utilização de preservativo e com o rastreio anual de infecções sexualmente transmissíveis, em jovens sexualmente activos, menores de 25 anos.
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