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Introdução

A dor mamária, muitas vezes chamada mastalgia, é o desconforto ou dor sentida numa ou ambas as mamas. Divide-se em três tipos:

  • Cíclica (mastodinia): ligada ao ciclo menstrual, surge na fase pré-menstrual; costuma ser bilateral e acompanhada de sensação de peso ou inchaço.
  • Não cíclica: não tem relação com o ciclo; é geralmente unilateral e descrita como ardor ou queimadura.
  • Extramamária: apesar de se sentir na mama, a dor vem de estruturas vizinhas (músculos, costelas ou articulações).

Frequência

A dor na mama é muito comum e chega a afetar 7 a 8 em cada 10 mulheres ao longo da vida. Para a maioria, é apenas incómoda; contudo, em cerca de 1 em cada 7 mulheres, a dor torna-se intensa ao ponto de limitar atividades diárias e exigir investigação ou tratamento.

Causa

A dor na mama (peito) pode surgir por várias razões. Na maioria das mulheres, acontece nos dias prévios à menstruação, quando as hormonas fazem o tecido mamário inchar e tornar-se mais sensível, provocando desconforto ou sensação de peso. Noutros casos, a dor não acompanha o ciclo menstrual e pode dever-se a estruturas locais, como os ligamentos que sustentam a mama, a presença de pequenos quistos benignos ou mesmo a inflamação (mastite). 

Por vezes, a dor no peito deve-se a causas fora da mama, como a costocondrite (inflamação das junções costocondrais), lesões na coluna ou nervos comprimidos, traumatismos na parede torácica ou até dores vindas de órgãos vizinhos, como cólicas da vesícula ou doença cardíaca isquémica.

O que fazer

Em primeiro lugar, fale sempre com o seu médico, que começará por colher a história clínica e realizar o exame físico. Casos com achados suspeitos (nódulos, alterações na pele ou corrimento hemático pelo mamilo) devem ser encaminhados para consulta de senologia, onde se efetuará investigação adicional e se excluirá cancro da mama.

Em seguida, o médico decidirá se é necessário recorrer a imagiologia. De uma forma geral:

  • Se a dor for cíclica ou difusa e bilateral, normalmente não serão precisos exames de imagem.
  • Se a dor for não cíclica, unilateral ou bem localizada (sem causa extramamária óbvia), poderá ser indicada imagiologia para esclarecer a origem e excluir malignidade.

Quanto ao tipo de exame, orienta-se pela idade:

  • < 30 anos: ecografia mamária
  • 30–39 anos: ecografia mamária (com ou sem mamografia, a critério clínico)
  • ≥ 40 anos: ecografia mamária e mamografia

Em casos de dor mamária cíclica, pode ainda ser útil manter um diário onde se registem a frequência e a intensidade da dor, de forma a orientar o diagnóstico e o tratamento.

Tratamento

O primeiro passo no tratamento da dor no peito baseia-se em medidas simples. É importante usar um soutien de suporte, pois reduz a tensão nos ligamentos da mama e alivia a dor. Se for necessário, pode tomar paracetamol ou aplicar gel de diclofenac sobre a zona dorida — ambos são eficazes e seguros. Também ajuda incluir linhaça na alimentação e moderar o consumo de gorduras (idealmente para menos de 15 % das calorias diárias).

Se a dor estiver relacionada com a pílula contracetiva ou com a terapia hormonal da menopausa, vale a pena conversar com o médico sobre ajustar a dose ou mudar de fórmula; em muitos casos, a dor melhora após algumas alterações simples, e podem sempre explorar métodos não hormonais de contraceção.

Quando, mesmo após seis meses destas estratégias, a dor continua intensa e a interferir com a vida diária, existe a opção de recorrer ao tamoxifeno durante três meses. Este fármaco pode ajudar, mas tem efeitos secundários (calores intensos, secura vaginal, risco de trombose) e por isso é usado apenas em situações mais graves.

Por fim, suplementos como vitaminas ou óleo de prímula e a redução de cafeína não mostraram benefício claro além do efeito placebo, mas algumas mulheres escolhem experimentá-los sem riscos significativos.

Evolução / Prognóstico

A dor mamária tende a surgir e desaparecer ao longo do tempo, muitas vezes aliviando-se espontaneamente ou em fases de grandes alterações hormonais, como a gravidez ou a menopausa.

Na maior parte dos casos, a origem é benigna, pelo que pode manter-se tranquila e, se necessário, tomar um analgésico simples para controlar o desconforto. Se o médico confirmar, através do exame físico e de imagiologia adequada, que tudo está normal, o risco de cancro da mama é muito baixo — cerca de 0,5 %.

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