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Introdução

Define-se como a perda de uma gravidez (aborto) de forma espontânea, até às 24 semanas de gestação. Consideram-se aborto em evolução (com dor e hemorragia, e estruturas gestacionais no útero), incompleto (se retenção parcial de estruturas), retido (se retenção total das estruturas) ou completo (se expulsão total de estruturas).

Frequência

Afeta 10-15% das gravidezes diagnosticadas. É mais frequente em mulheres de idade avançada ou que tenham antecedentes de aborto espontâneo.

Causa

Na maioria das vezes associa-se a alterações do embrião, mas pode também dever-se a doenças maternas ou alterações do útero.

Sinais e sintomas

O aborto espontâneo apresenta-se comumente como hemorragia vaginal, com ou sem dor abdominal.

Na ausência de sintomas é apenas detetado pela ecografia, verificando-se o não desenvolvimento do embrião, ou a presença de um embrião sem batimentos cardíacos.

Em situações menos frequentes, o aborto espontâneo pode complicar-se de hemorragia intensa, infeção e anemia.

O que fazer

No caso de haver um teste de gravidez positivo ou a suspeita de uma gravidez, associado a sintomas sugestivos de aborto espontâneo (hemorragia vaginal e/ou dor abdominal), ou de haver o diagnóstico ecográfico de gravidez não evolutiva, deverá haver avaliação por parte de um especialista em ginecologia e obstetrícia.

Tendo em conta os antecedentes da utente e a situação clínica, será assim decidida a abordagem terapêutica mais adequada.

Tratamento

Dependendo da apresentação clínica, história da doença e da exploração dos antecedentes pessoais da utente, poderá optar-se por uma de 3 abordagens possíveis: atitude expectante, tratamento médico ou tratamento cirúrgico.

1.- Atitude expectante

Poderá ser tentada em casos selecionados. Está associada a uma taxa de resolução aceitável, que é maior em gestações mais iniciais ou em apresentações clínicas sintomáticas. A adoção desta prática implica sempre reavaliação e controlo clínico da situação, com autovigilância de sinais de alarme por parte da utente.

2.- Tratamento médico

Seja por via oral e/ou vaginal, favorece a expulsão dos produtos de conceção. A medicação aplicada pode dar sinais e sintomas como febre, diarreia, náuseas, vómitos e cefaleias, que são geralmente bem tolerados, embora incómodos. Esta abordagem tem maior taxa de sucesso do que a expectante, com resolução mais rápida da situação, exigindo igualmente vigilância e reavaliação clínica, ecográfica, e/ou analítica.

3.- Tratamento cirúrgico

Consiste no esvaziamento cirúrgico da cavidade do útero, recorrendo a métodos como a aspiração ou a curetagem uterina (comumente conhecida por “raspagem do útero”). De todos, é o método mais eficaz, permitindo a resolução da situação de forma mais rápida. É habitualmente realizado em casos de insucesso do tratamento médico ou em casos complicados. Após o ato cirúrgico e alta, não carece, à partida, de reavaliação clínica.

4.- Por vezes, o tratamento inicial pode não ser eficaz, carecendo de reavaliação e eventual opção por outra abordagem. Em mulheres com grupo de sangue Rhesus (Rh) negativo, poderá ser necessário administrar imunoglobulina Anti-D, para prevenir a formação de anticorpos anti-Rh que podem trazer complicações em gestações futuras.

Evolução / Prognóstico

Durante o processo, é normal haver intensificação da hemorragia e da dor, com saída de coágulos, mas as queixas cedem habitualmente em até 2 semanas. Independentemente da terapêutica seguida, na maioria dos casos a situação resolve sem complicações, mas o tempo até à expulsão pode ser variável.

Em casos isolados de aborto, o risco de recorrência é baixo, e a probabilidade de desenvolver uma gravidez evolutiva seguinte é alta. Casos de abortos recorrentes devem ser referenciados para estudo.

Prevenção / Recomendações

Em caso de hemorragia abundante/prolongada, febre, mal-estar, ou dor intensa sem controlo com medicação, deverá haver lugar a reavaliação clínica.

Durante 2 semanas, devem ser evitadas relações sexuais e o uso de tampões. Deverá reforçar-se o apoio psicológico e contracetivo.

Recomenda-se a adoção de um estilo de vida saudável, não havendo outras intervenções comprovadas para diminuição do risco de recorrência em casos isolados.

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