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Introdução

O prolapso dos órgãos pélvicos (POP) refere-se à descida de um ou mais órgãos pélvicos (útero, vagina, bexiga e intestino) da sua posição normal. 

Conforme o órgão e a parede vaginal afetados, o prolapso dos órgãos pélvicos tem designações diferentes:

  • Prolapso do compartimento anterior: abaulamento da parede anterior da vagina com descida da bexiga (cistocelo)
  • Prolapso do compartimento posterior: abaulamento da parede posterior da vagina com descida do reto (retocelo)
  • Prolapso do compartimento apical ou médio: descida do colo do útero ou da cúpula vaginal (se mulher já retirou o útero). Por vezes associado à descida do intestino (enterocelo)

Muitas mulheres apresentam, simultaneamente, prolapso em mais de um compartimento.

Frequência

O POP é uma patologia muito frequente e estima-se que afete cerca de 40% das mulheres na menopausa acima dos 50 anos. 

Causa

O prolapso ocorre devido ao enfraquecimento dos músculos, ligamentos e fáscias que mantém os órgãos pélvicos na posição correta. 

Existem alguns fatores de risco conhecidos nomeadamente: 

  • Gravidez e parto, sobretudo se parto vaginal instrumentado (Ventosa ou Fórceps) e quando os recém-nascidos são grandes;
  • Menopausa;
  • Obesidade;
  • Tosse crónica;
  • Obstipação crónica;
  • Hábitos de trabalho pesados; 
  • Doenças que afetam o tecido conjuntivo, como o Síndrome de Ehlers-Danlos ou Síndrome de Marfan.

Sinais e sintomas

Algumas mulheres com POP não têm sintomas.

Quando existem sintomas, estes podem causar um impacto negativo na qualidade de vida.                         Os sintomas podem incluir:

  • Sensação de “bola” na vagina
  • Pressão ou desconforto na região pélvica
  • Perceção de uma massa a sair da vagina
  • Sintomas urinários como dificuldade em esvaziar a bexiga, urgência em urinar, perda de urina ou infeções urinárias
  • Sintomas intestinais como dificuldade em evacuar e sensação de esvaziamento incompleto
  • Desconforto ou dor durante as relações sexuais.

O grau do prolapso não se correlaciona com a gravidade dos sintomas. 

O que fazer

Se apresentar algum destes sintomas deverá procurar ajuda médica. 

O diagnóstico é essencialmente clínico, assente na história clínica e observação ginecológica. 

Em algumas situações poderá ser necessário a realização de exames complementares de diagnóstico, nomeadamente ecografia ginecológica e do pavimento pélvico, estudo urodinâmico, entre outros. 

Tratamento

As mulheres assintomáticas ou com sintomas muito ligeiros, podem não precisar de tratamento. No entanto, devem evitar situações que possam vir a agravar o seu grau de prolapso (ver secção de modificações do estilo de vida). 

Para as mulheres sintomáticas, as opções de tratamento do prolapso dos órgãos pélvicos podem ser divididas em:

  • Tratamento conservador 
  • Tratamento cirúrgico. 

Os sintomas, o impacto na qualidade de vida, a idade, o estado geral de saúde e as preferências pessoais são os fatores principais a considerar na decisão sobre o tratamento a realizar.

Tratamento conservador

Modificações do estilo de vida

Consistem em intervenções dos hábitos de vida de forma a evitar o agravamento do POP, nomeadamente:

  • Diminuição de peso se excesso de peso ou obesidade;
  • Dieta rica em líquidos e fibras se obstipação crónica;
  • Cessação tabágica;
  • Controlo de doenças que causem tosse crónica;
  • Evicção de exercício intenso e levantamento de pesos.

Pessário

O Pessário é um dispositivo médico, reutilizável pela própria utilizadora, que se coloca na vagina para suporte dos órgãos pélvicos, aliviando assim os sintomas. A maioria são feitos de silicone, e existem diversas formas e tamanhos disponíveis.

As principais indicações para colocar um pessário são:

  • Preferência pessoal;
  • Idade avançada e problemas de saúde que limitem uma abordagem cirúrgica;
  • Tratamento temporário enquanto aguarda cirurgia;
  • Desejo de uma futura gravidez. 

É possível permanecer sexualmente ativa com alguns dos tipos de pessários colocados.

É importante saber que com a colocação do pessário pode ter aumento do corrimento vaginal. 

Fisioterapia do pavimento pélvico 

O fortalecimento dos músculos do pavimento pélvico previne o agravamento do prolapso e diminui a frequência e gravidade dos sintomas, principalmente nos estádios iniciais.

A fisioterapia do pavimento pélvico pode envolver diferentes tratamentos consoante cada caso. É muito importante que sejam feitos corretamente e, portanto, há benefício na fisioterapia supervisionada por profissionais.

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico do POP está indicado em mulheres com prolapso sintomático após falha ou recusa da abordagem conservadora. 

A cirurgia do POP pode ser reconstrutiva ou obliterativa.

Cirurgia reconstrutiva 

A cirurgia reconstrutiva visa eliminar os sintomas, corrigir a anatomia e restaurar a função normal.

Na cirurgia reconstrutiva, os órgãos descaídos são reposicionados na sua posição correta. Pode ser utilizada a via vaginal ou laparotomia (através de uma incisão na barriga), laparoscópica (“furinhos”) ou robótica.

Cirurgia obliterativa

A cirurgia obliterativa corrige o prolapso ao encurtar toda ou parte da vagina.

Deve ser considerada em mulheres:

  • Sem relações sexuais com penetração vaginal;
  • Sem desejo de preservar a vagina;
  • Com comorbilidades significativas.

Evolução / Prognóstico

O prolapso de órgãos pélvicos não apresenta risco de vida, no entanto, pode causar um grande impacto na qualidade de vida. 

Aproximadamente 70-80% das mulheres submetidas a cirurgia vaginal, e 90-95% submetidas à via abdominal, apresentam cura a longo prazo dos seus sintomas.

A cirurgia obliterativa tem uma taxa de sucesso próxima dos 100%.

O prolapso recorrente pode ser devido à permanência dos fatores que causaram o prolapso inicial.

Prevenção / Recomendações

Recomenda-se:

  • Perda de peso (se excesso de peso ou obesidade)
  • Exercício físico moderado
  • Cessação tabágica
  • Tratamento da obstipação
  • Dieta adequada
  • Evicção de exercício intenso e levantamento de pesos
  • Exercícios de pavimento pélvico (Kegel), por exemplo 8 a 12 contrações da musculatura do pavimento pélvico, três vezes por dia, até 20 contrações, quatro vezes por dia (duração das contrações entre 4 a 40 segundos)

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