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Introdução

A contraceção definitiva feminina (também referida como esterilização feminina ou laqueação tubária) tem como objetivo evitar definitivamente a gravidez. É uma cirurgia que consiste na remoção parcial ou total das trompas de Falópio. (1)

As trompas de Falópio são a via de passagem do ovócito e o local de fertilização pelo espermatozóide, resultando em gravidez. A esterilização através do encerramento ou separação (coagulação e corte) das trompas, ou da remoção parcial ou total das mesmas (salpingectomia) evita a fertilização do óvulo pelo espermatozóide. (2)

Está indicada apenas em mulheres que pretendem evitar, de forma irreversível e permanente, futuras gravidezes e que não tenham interesse em métodos contracetivos alternativos. 

A via cirúrgica pode variar entre uma incisão abdominal (via clássica, laparotomia ou mini-laparotomia) ou por via minimamente invasiva (via laparoscópica).

Epidemiologia

Em 2020, a contraceção definitiva foi utilizada por ~23% de todas as utilizadoras de contracetivos (correspondendo a um total de ~219 milhões de mulheres) a nível mundial. (1)

Sinais e sintomas

As mulheres devem ser informadas da existência de métodos contracetivos alternativos, com eficácia sobreponível à laqueação tubária, como é o caso dos dispositivos intrauterinos com cobre e hormonais, do implante contracetivo subcutâneo (Implanon ®) ou da vasectomia (contraceção definitiva masculina). (3)

Em casos de mulheres com doenças ou maus antecedentes cirúrgicos deve ser ponderado o risco-benefício do procedimento.

Para que possa optar pela contraceção definitiva, a Legislação Portuguesa exige que seja maior de 25 anos e que assine um consentimento informado para a sua realização (Diário da República n.º 71/1984, Série I de 1984-03-24. 981–983). 

Exame objetivo

É recomendada a realização prévia de exame ginecológico (3).

O que fazer

Uma vez que se trata de uma cirurgia com necessidade de anestesia, poderá estar recomendada a realização de análises pré-operatórias.

Em casos selecionados, a mulher poderá ter de ser avaliada em consulta pré-operatória de Anestesiologia. Poderá ainda ser necessária a realização de teste urinário de gravidez no dia da cirurgia. (3)

Tratamento

I.- CONTRACEÇÃO DEFINITIVA FEMININA

laqueação tubária: 

  • No pós-parto imediato durante a realização de cesariana através da incisão abdominal previamente realizada; ou por mini-laparotomia (pequena incisão abdominal realizada num intervalo de 48h após o parto vaginal).
  • Por via laparoscópica (via cirúrgica minimamente invasiva que consiste numa incisão ao nível da cicatriz umbilical, com ou sem necessidade de incisões acessórias a nível abdominal).

Pode ser realizada a remoção parcial ou total das trompas de Falópio (salpingectomia), o seu encerramento através de energia elétrica seguida de corte, ou laqueação das trompas com recurso a banda ou clip (Fig. 1).

A salpingectomia associa-se a uma redução do risco de carcinoma do ovário, sendo a laparoscopia a via cirúrgica de eleição.

O método de oclusão das trompas por via histeroscópica (sistema Essure®) encontra-se descontinuado. (3)

Inserir Fig. 1

 

RESULTADOS

A taxa de falha da esterilização feminina é <1%, sendo comparável à esterilização masculina (vasectomia) e aos métodos reversíveis de longa duração (LARCs). (3)

Considera-se que as mulheres submetidas a laqueação tubária (LT) não têm modificações no padrão menstrual. O efeito mais frequente é o aumento da duração e da quantidade de sangue perdido na menstruação.

A função sexual não é afetada por este procedimento. (3)

PREVENÇÃO/ RECOMENDAÇÕES

Este procedimento é irreversível, devendo ser realizado apenas nos casos em que há um desejo de contraceção permanente. 

Está associado a uma elevada taxa de arrependimento (até 26% das mulheres submetidas a LT), sendo que esta é mais elevada nas mulheres jovens (menos de 30 anos). 

Os métodos contracetivos reversíveis de longa duração ( DIU) e a vasectomia têm uma eficácia contracetiva sobreponível (1) (3)

As mulheres que pretendam realização de LT devem manter o seu método contracetivo habitual até ao dia do procedimento e durante 1 semana após a sua realização (3).

II.- CONTRACEÇÃO DEFINITIVA MASCULINA

Vasectomia:

Os ductos deferentes são os canais de passagem do esperma desde os testículos até à uretra (Fig. 2). (5) (6)

A vasectomia (ou contraceção definitiva masculina) é um procedimento que consiste na interrupção ou oclusão de ambos os ductos deferentes. É, normalmente, realizado em ambulatório e sob anestesia local. (7)

Inserir Fig 2

 

 

Anamnese

Deve ser avaliada a existência de anomalias do desenvolvimento sexual e história de trauma e/ou cirurgia testicular. (7)

 

Exame objetivo

Deve ser realizado um exame genital completo para confirmação de uma normal anatomia. Homens com anomalias anatómicas (testículo único, varicocelo, entre outros) devem ser avaliados por Urologia previamente à cirurgia. (7)

 

Cirurgia

Para a realização da técnica cirúrgica convencional, é realizada uma pequena incisão (< 1cm) através da pele e tecido celular subcutâneo, sob anestesia local, expondo os ductos deferentes sendo depois excisado um segmento (10 – 15 mm de comprimento). (6)

PREVENÇÃO / RECOMENDAÇÕES

É necessária a utilização de contraceção adicional durante um período mínimo de 3 meses após o procedimento. Deverá ser realizado um espermograma para confirmação de azoospermia. Mesmo após confirmação de oclusão ductal, a vasectomia não é um método 100% eficaz, sendo que o risco de gravidez após vasectomia é de aproximadamente 1/2000. (5)

Saber Mais

LARCs – Long Acting Reversible Contraception / Métodos contracetivos reversíveis de longa duração. 

LT - Laqueação tubária.

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