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Introdução

O rastreio do cancro do colo do útero (CCU) consiste na identificação de alterações pré-malignas nas células do colo uterino, numa fase precoce, em que a aplicação de tratamento possa prevenir a evolução para situações mais avançados (cancro invasivo), melhorando assim os desfechos e a sobrevivência das doentes. 

Frequência

O cancro do colo do útero é o quarto cancro mais comum na mulher e a segunda causa de morte por cancro nas mulheres em idade reprodutiva e por esta razão faz sentido ter um rastreio disponível de forma a prevenir esta doença. 

Causa

O vírus do papiloma humano, também conhecido por HPV, é responsável por um elevado número de infeções que, na maioria das vezes, não apresentam sintomas e são de resolução espontânea. 

A infeção é, geralmente, transmitida por via sexual (sexo vaginal, anal ou oral), através do contacto com a pele ou com a mucosa. Trata-se de uma das infeções de transmissão sexual mais comuns a nível mundial.

A infeção HPV é a principal causa do cancro do colo do útero, sendo que a maioria da população sexualmente ativa tem a infeção HPV nalguma fase da sua vida. Contudo, apenas um pequeno número vai desenvolver anomalias das células do colo uterino e um número ainda mais pequeno desenvolverá cancro. 

Mais de 99% das lesões pré-malignas (com displasia) e dos carcinomas são causados pela infeção de HPV de alto-risco.

Os genótipos HPV16 e 18 são responsáveis por mais de 70% de CCU invasivo (sendo o HPV 16 responsável por cerca de dois terços) e outros 5 genótipos (31,33,45,52 e 58) contribuem para mais de 20% dos casos de CCU.

Sinais e sintomas

Os tipos de HPV podem ser categorizados em genótipos de baixo risco ou de alto-risco, de acordo com o seu potencial para originar cancro.

Os genótipos de baixo risco podem ser assintomáticos ou causar verrugas ano-genitais (condilomas), enquanto que os genótipos de alto risco são os responsáveis pelo desenvolvimento do cancro.

O que fazer

O rastreio pode ser oportunista (realizado no contexto de uma consulta ocasional) ou organizado (de base populacional, através de convocatória, habitualmente pelo médico de família/Centro de Saúde) devendo neste caso ter a maior cobertura possível.

Existem essencialmente 2 formas de realizar o rastreio do cancro do colo do útero: a citologia cervical ou Papanicolau (que consiste na colheita de células do colo do útero através da utilização de um escovilhão durante o exame ginecológico – figura 1) e a pesquisa de HPV por genotipagem com citologia reflexa.

Fig. 1

 

 

As mulheres com teste de rastreio anormal (incluindo citologia e testes de HPV) devem ser referenciadas a uma consulta hospitalar de patologia do colo do útero para orientação diagnóstica e terapêutica.

Prevenção

As mulheres entre os 25 e os 65 anos de idade devem manter o seu rastreio do CCU atualizado, procurando para isso informa-se junto do seu médico de família ou Ginecologista.

Evolução / Prognóstico

As mulheres com um resultado positivo no rastreio do CCU têm risco de ter uma lesão neoplásica cervical que, sem tratamento, poderá evoluir para um estadio de cancro. Por outro lado, algumas lesões podem regredir espontaneamente, especialmente nas mulheres jovens, e, portanto, o tratamento nestes casos deve ser evitado.

Assim, o principal desafio do rastreio do CCU assenta na distinção entre lesões sem potencial evolutivo e lesões pré-malignas.

Prevenção / Recomendações

O sobrediagnóstico destas lesões condiciona ansiedade, procedimentos (como colposcopias e biópsias) muitas vezes desnecessários, especialmente em mulheres com menos de 30 anos, em que a infeção por HPV e a displasia cervical associadas podem regredir espontaneamente.

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