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Introdução

O cancro do colo do útero é o quarto cancro mais comum nas mulheres, desenvolvendo-se a partir de lesões pré-malignas. 

A infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV), que é marioritamente transmitida por via sexual, é a principal causa deste tipo de cancro. Embora a maioria das infeções seja assintomática e se resolva espontaneamente, uma pequena percentagem das mulheres apresenta infeções persistentes, que podem causar alterações celulares no colo do útero. 

A infeção persistente por HPV de alto risco é a principal causa para o desenvolvimento de mais de 90% dos casos de cancro do colo do útero.

Desta forma, uma das principais estratégias de prevenção e eliminação do cancro do colo do útero é o rastreio da população-alvo. Atualmente, existem duas formas de rastreio: a citologia cervical (teste de Papanicolau) ou a pesquisa de HPV. A pesquisa do HPV tem maior sensibilidade na detecção de lesões pré-malignas, sendo mais eficaz na prevenção do cancro do colo do útero. 

Sinais e sintomas

Embora já existam métodos eficazes de rastreio para detectar precocemente lesões pré-malignas, muitas mulheres não participam nos programas de rastreio. As principais razões para esta baixa adesão incluem barreiras culturais, falta de recursos especialmente em países em desenvolvimento, e o desconforto associado ao exame ginecológico. 

Por conseguinte, estão a ser cada vez mais investigados testes de rastreio mais fáceis, acessíveis e menos invasivos, como testes realizados através de amostras colhidas pela própria mulher (auto colheita de amostra vaginal ou de urina), de modo a aumentar a participação das mulheres.

A pesquisa de HPV feita por auto colheita de amostra vaginal tem demonstrado ser um método seguro e eficaz, estando já disponível em alguns países. 

Em Portugal, o programa nacional de rastreio do cancro do colo do útero permite às mulheres optar pela realização de teste de HPV através da auto colheita de amostra vaginal, caso prefiram ou em situações de baixa adesão ao exame tradicional. No entanto, esta norma ainda não se encontra em vigor. 

O teste de HPV na urina ainda não é recomendado pelos especialistas.

O que fazer

As células das camadas mais superficiais do colo do útero estão sujeitas a uma descamação contínua, acabando por se misturarem com as secreções do útero e da vagina. Estes detritos acumulam-se junto à uretra e aos pequenos lábios, sendo eliminados na urina. 

Assim, a pesquisa de HPV na urina baseia-se no facto de que estas secreções são eliminadas durante a micção, permitindo detetar células do colo do útero. Para aumentar a deteção destas células e, consequentemente, melhorar a pesquisa de HPV, é importante que as mulheres recolham a urina da primeira micção do dia e evitem lavar os órgãos genitais antes da colheita.

Desta forma, a urina pode ser colhida em casa pela própria, não necessitando de um exame ginecológico ou avaliação em consulta.  

Tratamento

A pesquisa de HPV na urina tem sido estudada como uma possível alternativa ao método tradicional de rastreio, por ser um teste fácil e não invasivo, que pode aumentar a taxa de adesão das mulheres aos programas de rastreio. 

Segundo os estudos publicados, este teste tem demonstrado ter apenas uma sensibilidade ligeiramente inferior na deteção de HPV de alto risco em comparação com os testes realizados por auto colheita de amostra vaginal ou amostra colhida pelo médico. 

Quando questionadas sobre a facilidade de cada método, a maioria das mulheres preferiu a colheita de urina, considerando-a mais conveniente e confortável. 

Prevenção / Recomendações

Tendo em conta a reduzida participação das mulheres nos programas de rastreio, principalmente nos países em desenvolvimento, é importante implementar métodos de rastreio mais acessíveis e não invasivos. 

Apesar de nenhum teste de HPV na urina ter sido ainda aprovado, a urina parece ser uma amostra promissora para os testes de rastreio do cancro do colo do útero. Embora estes testes tenham demonstrado uma ligeira inferioridade na deteção de HPV, a aceitação deste método pelas mulheres poderá promover uma maior adesão aos programas de rastreio. No entanto, atualmente, este método é mais caro, devido à necessidade de técnicas de processamento mais sensíveis e específicas e necessidade de distribuição de kits de colheita no domicílio. 

Enquanto se aguarda a implementação do teste de HPV na urina a nível nacional, é importante que as mulheres realizem o rastreio do cancro do colo do útero através dos métodos atualmente disponíveis.

Saber Mais

  • Norma da Direção-Geral de Saúde, número 09/2024 de 17/10/2024, sobre Programa de rastreio de base populacional do Cancro do Colo do Útero. 

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