Septo uterino e infertilidade
Introdução
Um útero septado apresenta uma divisão (septo) no interior da cavidade uterina que pode ser parcial, ou seja que ocupa apenas a porção superior da cavidade uterina, ou pode ser completo, quando se prolonga até ao colo do útero.
Frequência/Causa
Os úteros septados representam 35% de todas as malformações uterinas congénitas diagnosticadas
Esta trata-se da malformação uterina congénita mais frequente em mulheres com história de infertilidade (3%), estando presente em cerca de 5,3% dos casos com história de aborto espontâneo.
Estima-se que a prevalência seja de cerca de 1 a 15 casos em cada 1000 mulheres, sendo muitas vezes sub-diagnosticado.
Sinais e sintomas
O diagnóstico de um septo uterino pode ser um desafio, uma vez que é habitualmente assintomático. A sua presença deve ser suspeitada nos casos de dificuldades em engravidar ou maus desfechos na gravidez.
Deste modo, é essencial partilhar com o seu médico a existência de antecedentes de abortos de repetição, abortos espontâneos de 1º ou 2º trimestre, parto pré-termo, posições fetais anómalas, ou outras complicações perinatais como restrição do crescimento fetal.
Devem ser avaliadas as características do ciclo menstrual, nomeadamente a presença de dor na menstruação e de fluxo menstrual abundante.
O que fazer
Perante a suspeita de útero septado deverá ser avaliada pelo seu médico assistente para realização de exame ginecológico e exames complementares de diagnóstico, como ecografia ginecológica e histeroscopia (endoscopia ao útero).
Tratamento
Perante o diagnóstico de septo uterino pode ser adotada uma atitude conservadora, ou seja, apenas vigilância, sem a realização de qualquer intervenção médica ou cirúrgica.
Uma vez que na ausência de história prévia de infertilidade ou abortos de repetição, não existe evidência que recomende a realização de cirurgia.
Em mulheres com infertilidade inexplicada não é ainda consensual a recomendação cirúrgica.
Em situações selecionadas, nomeadamente em mulheres com abortos precoces de repetição e/ou antecedentes de maus desfechos na gravidez, é consensual a indicação para tratamento cirúrgico. O procedimento é realizado através de histeroscopia e consiste na remoção do septo.
A técnica deve ser realizada, idealmente, na primeira fase do ciclo menstrual ou sob medicação hormonal, como por exemplo a pílula contracetiva, para uma boa avaliação da cavidade endometrial.
Após a cirurgia, pode ser ponderada a realização de histeroscopia de controlo para avaliação da cavidade endometrial.
As complicações são raras, sendo as que ocorrem mais frequentemente a formação de aderências (cicatrizes) uterinas (4,5%) e a perfuração uterina.
Evolução / Prognóstico
A presença de septo uterino, apesar de poder ser assintomática, associa-se em alguns casos a infertilidade e maior risco de complicações na gravidez.
O tratamento cirúrgico, quando recomendado, aumenta a probabilidade de gravidez e diminui o risco de complicações.
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