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Introdução

A contraceção pós parto inclui um conjunto de métodos – medicamentos ou dispositivos – que existem para prevenir a gravidez após uma relação sexual que ocorra após um parto recente. 

O puerpério e a lactação têm exigências particulares sobre a escolha segura da contraceção - há um risco aumentado de doença tromboembólica venosa nas primeiras semanas após o parto. Um intervalo entre a gravidez de menos de 12 meses entre o parto e uma nova conceção está associado a um aumento do risco de parto prematuro, baixo peso ao nascer e bebés pequenos para a idade gestacional.

Os métodos contracetivos devem ser abordados durante a gravidez. Uma discussão mais aprofundada e o fornecimento de contraceção são parte integrante da consulta realizada quatro a seis semanas pós-parto. Há uma grande variação no retorno à fertilidade e à atividade sexual após o parto, mas em média a ovulação ocorre ao 39ºdia, podendo mesmo acontecer antes e levar a uma gravidez indesejada.

A escolha do método deverá ter em consideração doenças atuais ou passadas como por exemplo trombose venosa (coágulos de sangue) os desejos da mulher e se pretende engravidar novamente e quando.

O que fazer

Deve discutir com o seu médico assistente as opções contracetivas disponíveis após o parto. Na maioria dos casos, não são necessários exames laboratoriais ou exame ginecológico. Se a mulher iniciar atividade sexual desprotegida após o parto, o profissional de saúde deve excluir a existência de gravidez através da história clínica, observação ou teste de gravidez.

A eficácia de cada método varia consoante o método escolhido e adesão ao mesmo. Os efeitos laterais de cada método devem ser considerados no momento da escolha. 

Tratamento

Métodos contracetivos disponíveis no pós-parto

 

 Métodos recomendadosMétodos geralmente não recomendados ou usados com restrição
Não amamenta, e < 21 dias pós parto
  • Métodos contracetivos combinados (pílula, adesivo e anel vaginal) se houver factores de risco para tromboembolismo venoso;
  • Pílulas progestativas;
  • Implnates prógestativos ou injectáveis;
  • Métodos de barreira;
  • Esterilização
  • Métodos contracetivos combinados (pílula, adesivo e anel vaginal);
  • Dispositivo intrauterino de cobre e o sistema intrauterino(SIU) excepto se < 48 h após o nascimento , ou após quatro semanas do parto
Não amamenta, e > 21 dias pós parto
  • Métodos contracetivos combinados (pílula, adesivo e anel vaginal), se houver fatores de risco para tromboembolismo venoso. 
  • Pílulas progestativas 
  • Implantes progestativos ou injetáveis
  • Métodos de barreira
  • Esterilização
  • Dispositivo intrauterino de cobre e o sistema intrauterino (SIU) (exceto se < 48 horas após o nascimento ou após quatro semanas do parto). 

Amamenta e 

< 6 semanas pós parto

  • Método amenorreia lactacional
  • Pílulas progestativas 
  • Implantes progestativos ou injetáveis
  • Métodos de barreira
  • Esterilização
  • Métodos contracetivos combinados (pílulas, adesivos e anel vaginal)
  • Dispositivo intrauterino de cobre e o sistema intrauterino (SIU) (exceto se < 48 horas após o nascimento ou após quatro semanas do parto)

Amamenta e 

> 6 meses após o parto

  • Pílulas progestativas 
  • Implantes progestativos ou injetáveis 
  • Dispositivo intrauterino de cobre e o sistema intrauterino (SIU) 
  • Métodos contracetivos combinados (pílula, adesivo e anel vaginal)
  • Métodos de barreira
  • Esterilização
  • Amenorreia lactacional- inadequada após 6 meses pós parto. 

Amenorreia lactacional 

Apresenta uma taxa de falhas de 1-2% durante o primeiro ano de utilização. Devem ser cumpridos os seguintes critérios: parto há menos de 6 meses; ausência de menstruação; a amamentar exclusivamente ou quase exclusivamente (intervalos entre aleitamento < 6 horas, ≥85% das refeições).

Implante subcutâneo 

É o método mais eficaz com taxas semelhantes à da laqueação tubária. Pode ser colocado imediatamente após o parto, independentemente se amamentam. A sua eficácia está comprovada para 5 anos. 

Pilula oral progestativa ou minipílula 

Pode ser iniciada de imediato após o parto em todas a mulheres, independentemente se amamentam. 

Métodos contracetivos combinados

Incluem a pílula, o adesivo e o anel vaginal. O seu início depende do método de alimentação do bebé. Para mulheres que amamentam, podem ser iniciados após seis meses. Para mulheres que não amamentam, podem ser iniciados após as 3 semanas do parto se não houver fatores de risco para formação de coágulos no sangue.

Dispositivo intrauterino de cobre ou com hormona 

Podem ser colocados no pós parto imediato. Se não colocado nas primeiras 48h, deve ser adiada a colocação para 4 a 6 semanas após o parto. Não pode ser colocado se suspeita de infeção ou complicações importantes durante parto. O dispositivo intrauterino de cobre tem eficácia  para 10 anos e pode aumentar as perdas de sangue na mesntruação. Relativamente ao dispositivo com hormona a duração varia entre 3 a 8 anos, e diminui a hemorragia podendo até deixar de menstruar, o que não significa que está novamente grávida ou em menopausa.

Esterilização ou contraceção definitiva (laqueação das trompas)

No parto vaginal pode ser realizada na primeira semana ou 6 semanas após o parto. Pode ser realizada no momento da cesariana, desde que tenha havido aconselhamento e consentimento prévio adequados. A esterilização masculina (vasectomia) e outros métodos eficazes e reversíveis também devem ser considerados.

Métodos de barreira e naturais

Preservativos ou diafragma podem ser usados por mulheres que amamentam.

Os métodos naturais baseados na duração do ciclo fértil ou em sinais e sintomas, bem como o coito interrompido não são aconselháveis pois são muito falíveis, particularmente nesta fase. 

Prevenção / Recomendações

A contraceção pós parto é segura e eficaz desde que escolha um método que respeite as contraindicações e os tempos indicados. Permite prevenir uma gravidez indesejada, experienciar os primeiros momentos da maternidade com maior tranquilidade e investir na sua saúde sexual e reprodutiva.

O casal não deve tomar sozinho a decisão de iniciar a utilização de um método contracetivo. Esta decisão deve ser sempre partilhada e avaliada pelo seu médico assistente para uma escolha correta e bem informada. 

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