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Introdução

O termo Vulvovaginite engloba as alterações da vulva e vagina causadas por infeção, inflamação, ou alterações do microbioma. Esquematicamente podem ser divididas em vaginites infeciosas e não infeciosas. As causas mais comuns são infeciosas, nomeadamente, a Vaginose Bacteriana, Candidíase e Tricomoníase.

Frequência

A real incidência e prevalência é difícil de aferir, mas a maioria  das mulheres irá ter uma vaginite durante a sua vida de causa infeciosa ou não infeciosa. 

Estima-se que cerca de 90% dos casos de vulvovaginite sejam causadas por Candidíase (33%), Vaginose Bacteriana (VB) (40-50%) ou Tricomoníase. Cerca de  75% das mulheres  tem pelo menos 1 episódio de candidíase na sua vida. 

- A vaginose bacteriana é habitualmente polimicrobiana (várias bactérias);

  1. - A candidíase é provocado por fungos, estando a maioria associada a Candida albicans;
  2. - A tricomoníase está associada à infeção pelo protozoário Trichomonas Vaginalis.

Sinais e sintomas

Os sintomas são inespecíficos, mas habitualmente o principal motivo da consulta são alterações no volume, cor e odor do corrimento vaginal (é importante ter em atenção que o corrimento fisiológico na mulher em idade reprodutora tem variações a meio do ciclo na altura da ovulação, na gravidez ou com a toma de contracetivos hormonais combinados. A dieta, atividade sexual, medicação e stress também podem afetar as características do corrimento vaginal).

Porém, podem surgir outros sintomas associados como a comichão, ardor, dor nas relações sexuais, sensação de queimadura, hemorragia ou dor ao urinar, tipicamente mais no final da micção. 

A toma de antibióticos predispõe ao aparecimento de candidíase. Porém, estímulos agressivos à vulva e vagina podem simular os sintomas muitas vezes atribuídos de forma errada a vulvovaginites, como é o exemplo de um estímulo irritante (ex. depilação, uso de produtos químicos, espermicidas ou pensos perfumados).

Os sintomas e momento de aparecimento podem ajudar no diagnóstico: 

  • Vaginose Bacteriana (VB): poderá ser assintomática ou manifestar-se por aumento de corrimento, com uma coloração acinzentada e odor intenso – que costuma agravar após atividade sexual ou durante a menstruação; , associado a sintomas irritativos mínimos. 

  • Candidíase: o sintoma mais comum é o prurido (comichão) na vulva e vagina, frequentemente ocorrem no período pré-menstrual; este pode surgir associado a ardência ao urinar e dor nas relações sexuais; o corrimento é habitualmente esbranquiçado e grumoso (tipo iogurte) frequentemente acompanhado de inchaço, pele descamativa e vermelha.

  • Tricomoníase: o corrimento é purulento, fétido podendo acompanhar-se de ardência, prurido, dor ao urinar, frequentemente durante ou após a menstruação. Podem referir também dor e hemorragia na atividade sexual e  na zona abdominal inferior; apenas um pequeno número se queixa de odor intenso.

O que fazer

Apesar das queixas sugestivas e de muitas mulheres terem história  de episódios semelhantes, devem solicitar consulta no centro de saúde ou ginecologista para avaliação e correta medicação. Muitas vezes estas patologias são medicadas empiricamente pelas queixas, podendo o tratamento incorreto agravar a sintomatologia. 

Tratamento

O tratamento deve ser iniciado após avaliação médica e cumprido na sua totalidade.

  • Vaginose Bacteriana: antibiótico que poderá ser tomado oral ou aplicado na vagina (creme ou óvulos), segundo prescrição médica. Durante 5 a 7 dias. Em caso de recorrência poderá haver necessidade da realização de um esquema mais prolongado (durante 4- 6 meses)
  • Candidíase: antifúngico via oral ou vaginal (creme ou óvulos), consoante prescrição médica, com duração variável entre 1 a 7 dias, dependendo do antimicótico prescrito. Se recorrente, poderá ser aconselhado esquema de longa duração, de pelo menos 6 meses.
  • Tricomoníase: Tratando-se de uma infecção sexualmente transmissível (IST), deve-se tratar os parceiros ao mesmo tempo, a deve haver abstenção de atividade sexual, até finalização de tratamento. O esquema recomendado é um antibiótico oral 2id, por 7 dias. 

Evolução / Prognóstico

Após diagnóstico e tratamento a resolução costuma ser total, com bom prognóstico a longo prazo. O risco de ter novo episódio de vulvovaginite é alto, devendo ser tratada e avaliada novamente, pois poderá não se tratar do mesmo factor etiológico. 

A longo prazo, se não tratada, poderá desenvolver-se uma doença inflamatória pélvica. Durante a gravidez, estão associadas a risco de rotura prematura de membranas e parto pré-termo.

Prevenção / Recomendações

Evitar comportamentos de risco, nomeadamente: 

  • múltiplos parceiros sexuais
  • promover o uso de método de barreira 
  • aconselhar o uso roupa interior de algodão
  • não usar roupa justa ou pensos diários
  • evitar “duches vaginais”. Deve ser usada água morna (não quente) e usar as mãos (não toalha de lavagem)
  • efetuar higiene íntima com produtos próprios (usar água ou produto de limpeza sem perfume ou sabão)
  • evitar sprays, talcos ou perfumes para higiene íntima
  • usar o papel higiénico da zona da vagina para o ânus. 

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