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Introdução

A distócia de ombros (DO) é uma emergência imprevisível e pouco frequente, que ocorre na fase final do trabalho de parto (TP) e resulta do bloqueio dos ombros do feto na bacia materna. Esta situação pode ter consequências graves para o recém-nascido e mãe. 

Frequência

Nas últimas décadas tem-se verificado uma maior incidência (até 2-4% dos partos vaginais), provavelmente devido ao aumento do peso ao nascimento dos bebés e maior taxa de reconhecimento por parte dos profissionais de saúde. 

Sinais e sintomas

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de DO é assumido pelo operador do parto quando ocorre dificuldade na libertação dos ombros fetais após expulsão da cabeça, com retenção do corpo fetal no canal de parto.

FATORES DE RISCO

A DO pode ocorrer na ausência de fatores de risco identificado em cerca de 50% dos casos, não sendo assim possível prever a sua ocorrência ou preveni-la de modo eficaz. 

Enumeram-se fatores de risco detectados durante a gravidez/anteparto e durante o parto: 

Anteparto

  • Suspeita de feto com peso acima da média para a idade gestacional (IG) ou de macrossomia fetal (peso ao nascimento >4Kg); 
  • Diabetes materna (prévia ou associada à gravidez): risco 2–4 vezes superior; 
  • Antecedentes de DO em parto anterior (recorrência até 25%); 
  • Obesidade materna, ganho de peso excessivo na gravidez (>20Kg), baixa estatura e/ou anomalia pélvica; 
  • Multiparidade (vários partos anteriores), gravidez prolongada e macrossomia em gravidez anterior;
  • Feto do sexo masculino.

- Intraparto

Progressão anormal do TP.

O que fazer

Prevenção

  • Otimização do ganho de peso corporal e controlo metabólico nas grávidas diabéticas;
  • Antecedentes de DO em parto anterior – não está indicada a realização de cesariana em todos os casos. A decisão da via de parto deve ser partilhada entre a grávida e equipa médica; 
  • Antecipar a programação do parto se suspeita de feto excecionalmente grande;
  • Treino dos profissionais de saúde na abordagem a emergências obstétricas em centros de simulação. 

Tratamento

A abordagem da DO tem como principal objetivo a libertação dos ombros impactados e encurtamento do tempo de extração do corpo fetal, reduzindo-se o risco de asfixia e morte fetal inerente à compressão do cordão umbilical no canal de parto e incapacidade do feto em inspirar. 

Os objetivos secundários são a redução do risco de lesões maternas e fetais decorrentes da realização de manobras obstétricas para resolução desta emergência.

Tratando-se de uma situação emergente, há mobilização de vários profissionais de saúde para a sala de partos: obstetra, pediatra, anestesiologista e elementos da equipa de enfermagem. 

Habitualmente, a abordagem inicia-se por manobras não invasivas que são aplicadas no corpo da mãe, com o objetivo de modificar a posição da sua bacia e/ou corpo do feto.  Quando estas se mostram ineficazes, após repetição das mesmas, os operadores progridem para manobras invasivas, que visam a manipulação direta do corpo do feto. Mostrando-se também ineficazes as manobras de 2.ª linha, poderá haver lugar à aplicação de manobras de último recurso, com maior risco de complicações/sequelas para a mãe e feto e que podem envolver a realização de cirurgia emergente.

O controlo adequado da dor permite melhor colaboração materna na realização de manobras obstétricas necessárias para libertação do feto. 

A episiotomia sistemática não está indicada em caso de DO, mas é recomendada quando há necessidade de otimizar o acesso à escavação pélvica para realização de manobras invasivas. 

Evolução / Prognóstico

COMPLICAÇÕES / PROGNÓSTICO 

A maioria das DO resolvem sem complicações/sequelas. A consequências são decorrentes de traumatismos resultantes das manobras realizadas para resolver a DO e do tempo de compressão do cordão umbilical no canal de parto. 

Neonatais

- Lesões neuromusculares (lesão do plexo braquial em 2.3-16%; fratura óssea): complicações imediatas mais frequentes e que habitualmente resolvem sem sequelas

- Asfixia neonatal (encefalopatia hipóxico-isquémica, morte): complicação pouco frequente (<1%), relacionada com compromisso fetal prévio, tempo decorrido entre extração da cabeça e restante corpo fetal e o número de manobras realizadas para resolução. 

Maternas

  • Hemorragia pós-parto (11%) 
  • Lacerações graves do períneo (3,8%);

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