Vulvodinia ou dor vulvar persistente
Introdução
A vulva é o órgão genitalfeminino visível. É constituída pelo monte púbico, os grandes lábios, os pequenos lábios, o clitóris, e uretra (saída da urina) e o vestíbulo vulvar(entrada para a vagina)
A vulvodinia é uma dor persistente na vulva e é diagnosticada se cumpre os dois seguintes pontos:
· Duração superior a 3 meses
· Sem causa aparente
Frequência
Ocorre em até 28% das mulheres em algum momento das suas vidas.
Causa
A causa da vulvodinia é desconhecida. Pensa-se que em algumas mulheres uma ferida ou uma infeção pode levar a uma reação exagerada do organismo e provocar uma dor prolongada.
Sinais e sintomas
O principal sintoma é a dor na vulva. Essa dor pode ser de tipo picada, ardor, irritação, queimadura, formigueiro, comichão ou sensação de assadura.
A dor na vulva pode ter diferentes caractreristicas
- localizada (num sítio específico) ou generalizada (em toda a vulva)
- provocada (por contacto com tampões, toque, relaçoes sexuais) ou sempre presente
- desde o primeiro contacto com o agente que provoca a dor ou recente
- sempre presente ou só às vezes
A forma mais comum é a dor vulvar provocada e localizada, e o sintoma mais comum a dor na relação sexual, normalmente à penetração. O nome técnico da dor com o ato sexual é dispareunia.
O que fazer
A vulvodinia é uma doença cuja causa e tratamentos ainda estão em estudo. Se acha que possa sofrer de vulvodinia, fale com o seu médico assistente ou ginecologista.
O seu médico irá fazer perguntas sobre as suas doenças, cirurgias e vida sexual. Irá realizar um exame ginecológico, podendo utilizar um espéculo (bico de pato), o toque bimanual (em que o médico introduz 1-2 dedos na vagina e coloca a outra mão na sua barriga) e possivelmente uma ecografia ginecológica.
Não existe nenhum exame para diagnosticar o vulvodinia, mas o seu médico poderá realizar alguns exames para excluir outras doenças que possam provocar a dor na vulva.
Tratamento
O tratamento da vulvodinia não é igual para todas as mulheres, e por vezes é preciso experimentar e combinar várias atitudes até encontrar aquele que melhor resulta.
Pode começar por tomar as seguintes medidas.
- Usar roupa interior larga 100% de algodão (não usar cuecas durante a noite)
- Evitar calças apertadas
- Evitar atividades que provocam pressão na vulva, como andar de bicicleta ou ficar sentada durante muito tempo
- Evitar irritantes vulvares (perfumes, loções, sabonetes) e irrigações vaginais
- Usar sabão neutro no banho, sem lavar a vulva
- Lavar a vulva apenas com água
- Evitar uso de secadores de cabelo na região vulvar
- Secar área vulvar com toalha e aplicar creme gordo sem conservantes nem perfumes
- Usar pensos menstruais 100% algodão
- Usar lubrificação adequada durante relações sexuais
- Aplicar frio na região vulvar
- Lavar e secar vulva após urinar
- Um estilo de vida saudável também ajuda a melhorar síndromes de dor crónica
- Hábitos de sono saudáveis (sonos regulares, suficientes e sem perturbação)
- Diminuição do stress
- Atividade física regular
- Dieta saudável
- Evicção tabágica
- Integração e realização social (família, amizades, emprego)
Para além das medidas acimas mencionadas, o seu médico poderá recomendar e prescrever os seguintes tratamentos:
- Fisioterapia
- Psicoterapia e terapia do casal
- Pomadas e géis
- Medicamentos em forma de comprimidos
- Acupunctura
- Cirurgia
A fisioterapia e a psicoterapia são aquelas com efeitos mais amplos e mais duradouros e por isso devem fazer parte do esquema terapêutico.
Na fisioterapia são explicados a função e as possíveis disfunções do pavimento pélvico, realizados exercícios e massagens para o relaxamento e ativação do pavimento pélvico. São também ensinados exercícios para realizar em casa e técnicas de relaxamento.
O papel da psicoterapia é dar à mulher ferramentas para lidar com a dor e ajudar no relacionamento do casal.
Existem géis e pomadas que podem aliviar a dor no ato sexual, como por exemplo anestéticos locais, que devem ser aplicados 20 minutos antes da relação sexual, hidratantes vaginais (melhoram a irritação vaginal e vulvar) e cremes com hormonas para as mulheres na menopausa ou com falta de estrogénios.
Os medicamentos utilizados na vulvodinia são prescritos de uma forma chamada “off-label”. Isso significa que os medicamentos foram elaborados, testados e comercializados para outras doenças, como por exemplo a epilepsia e a depressão. Na prática clínica descobriu-se que também ajudam em muitas formas de dor crónica.
Há pouca experiência com a acupunctura, mas essa indica que ela poderá ajudar a aliviar a dor na vulvodinia.
A cirurgia é o último recurso e apenas deverá ser realizada se não houver melhoria com as outras terapêuticas e deverá ser realizada apenas por cirurgiões familiarizados com este tipo de cirurgia.
Evolução / Prognóstico
Quase todas as síndromes de dor crónica tendem a melhorar ao longo do tempo. Por vezes esse caminho é longo e demorado e requer experimentar e combinar várias formas de tratamento
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