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Introdução

As doenças hipertensivas da gravidez incluem a hipertensão crónica, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e eclâmpsia

A hipertensão crónica é a hipertensão prévia à gravidez, ou diagnosticada durante a mesma, persistindo no pós-parto.

A hipertensão gestacional é a elevação tensional isolada durante a gravidez (> 20 semanas de idade gestacional), com resolução após o parto. 

A pré-eclâmpsia caracteriza-se por elevação tensional após as 20 semanas de gestação (>140/90 mmHg) que se associa a pelo menos um dos seguintes parâmetros: 

  • Concentração anormal de proteínas na urina 
  • Análises com alterações: queda de plaquetas, disfunção renal ou hepática 
  • Edema Agudo do Pulmão 
  • Dor de cabeça e/ou alterações de visão severas e persistentes, que não aliviam com analgesia1

A eclâmpsia é a complicação mais temida de todo o espectro de doenças hipertensivas, definindo-se como a ocorrência de convulsões e/ou coma numa grávida com suspeita de pré-eclâmpsia, não atribuíveis a outras causas.

Frequência

As doenças hipertensivas da gravidez constituem uma das principais causas de morbilidade mortalidade materna e fetal, afetando cerca de 2-4% de todas as gestações. É a principal causa de morte materna nos países em desenvolvimento. Estima-se que 4-8% de todas as mulheres possam ter pelo menos 1 episódio de pré-eclâmpsia na vida.2 A sua incidência tem vindo a aumentar por consequência do aumento da prevalência de fatores de risco, nomeadamente idade materna avançada e comorbilidades médicas (obesidade, doença autoimune, doença renal, diabetes mellitus, hipertensão crónica). 

Causa

As doenças hipertensivas da gravidez decorrem de uma anormal formação da unidade útero-placentar, em mulheres com determinada predisposição. A sua incidência tem vindo a aumentar por consequência do aumento da prevalência de fatores de risco, nomeadamente idade materna avançada e comorbilidades médicas (obesidade, doença autoimune, doença renal, diabetes mellitus, hipertensão crónica).

Sinais e sintomas

A hipertensão gestacional manifesta-se por elevação tensional de novo em mulheres saudáveis (tensão arterial persistentemente > 140/90 mmHg).

No caso da pré-eclâmpsia, para além da elevação tensional de novo (igual à hipertensão gestacional), podem surgir edemas dos membros e da face, que não aliviam com alterações da postura. Um ganho de peso muito rápido num curto espaço de tempo (2kg numa semana, por exemplo) pode também sugerir o diagnóstico de pré-eclâmpsia. Em casos severos, podem surgir alterações visuais (perda de um campo de visão, visão turva, “ver moscas”), dores de cabeça sem alívio à medicação analgésica, dor no quadrante superior direito abdominal. 

A ocorrência de convulsões numa grávida previamente saudável devem sugerir o possível diagnóstico de eclâmpsia

O que fazer

A presença de sinais ou sintomas sugestivos deve, consoante a gravidade dos mesmos, motivar observação pelo médico assistente ou no serviço de urgência de Ginecologia e Obstetrícia da área de residência.

Tratamento

Hipertensão Crónica e Hipertensão Gestacional

O tratamento da hipertensão crónica na gravidez é feito com fármacos anti-hipertensivos, devendo estes ser adaptados (se iniciados previamente) à gravidez (alguns medicamentos estão contraindicados por risco fetal). A decisão de iniciar terapêutica anti-hipertensiva na gravidez deve ser individualizada, estando recomendada pela maioria das sociedades internacionais para valores persistentemente acima de 140/90 mmHg. Nestes casos, a gravidez deverá ser terminada entre as 37 e 39 semanas de gestação, dependendo da terapêutica instituída e do controlo da doença.4

Pré-Eclâmpsia

O tratamento da hipertensão segue as mesmas linhas que nos casos de hipertensão crónica e gestacional. 

Pelos riscos maternos e fetais inerentes à pré-eclâmpsia, a pré-eclâmpsia pode constituir uma indicação para internamento durante a gravidez, dependendo da gravidade da mesma. A idade gestacional proposta para terminação da gravidez varia, também, consoante a presença de alguns sinais de maior gravidade (presença de sintomas, alterações graves em análises). Para situações de maior gravidade, o término da gravidez poderá ocorrer às 34 semanas. Nesses casos, é comum a administração materna de injeção intramuscular de corticóides, por forma a maturar o pulmão fetal, garantindo uma melhor adaptação do prematuro à vida extrauterina.

Na ausência de sinais de gravidade, as gestações afetadas por pré-eclâmpsia são terminadas às 37 semanas. A via de parto depende maioritariamente de considerações obstétricas (cesariana anterior, feto em apresentação pélvica, por exemplo). 

Em casos de suprema gravidade, com risco de morte materna e/ou fetal, a gravidez poderá ser terminada em qualquer idade gestacional (enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral materno, descolamento da placenta, por exemplo).

A eclâmpsia é outra das situações que requerem término da gravidez, após estabilização da grávida, devendo o parto ocorrer nas primeiras 24h pós-convulsão. 

Evolução / Prognóstico

O tratamento da pré-eclâmpsia é o parto. Ainda assim, mulheres com antecedentes de doenças hipertensivas da gravidez têm aumento do risco de hipertensão crónica e doença cardiovascular a médio-longo prazo, pelo que devem manter um seguimento cardiovascular regular após um evento destes durante a gravidez.

Prevenção / Recomendações

O risco de recorrência de pré-eclâmpsia numa gravidez subsequente pode ser tão alto quanto 50%. Várias medidas preventivas têm vindo a ser sugeridas.

Em termos comportamentais, a destacar a importância de adoção de um estilo de vida saudável, com exercício físico regular, uma correta alimentação e evicção de consumo tabágico. A aspirina em baixa dosagem tem, em mulheres com história prévia de pré-eclâmpsia e outros fatores de risco, impacto nos desfechos obstétricos, reduzindo a incidência de pré-eclâmpsia na gravidez atual.

Entendendo as doenças hipertensivas da gravidez como fator de risco cardiovascular, algumas sociedades internacionais recomendam uma avaliação anual da tensão arterial e fatores metabólicos a longo prazo.5

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