Dor nas relações sexuais - Dispareunia
Introdução
A dispareunia, nome dado à dor durante a relação sexual, pode surgir por diversas razões, desde questões físicas a questões psicológicas e emocionais.
Prevalência
Estima-se que entre 8% a 45% das mulheres possam experienciar esta dor em algum momento da vida. Muitas vezes, este é um tema pouco abordado, pelo que o número real de mulheres afetadas pode ser ainda maior.
Sinais e sintomas
A dispareunia pode ter várias causas, que provocam dor superficial e/ou profunda. Os sintomas apresentados dependem da causa da dor.
Dispareunia superficial
- Vulvodinia: dor vulvar persistente sem causa identificada, podendo ser geral ou localizada em áreas específicas como a entrada da vagina ou o clitóris;
- Vaginismo: contração involuntária dos músculos pélvicos durante a penetração, causando medo e ansiedade em relação ao ato sexual;
- Doenças de pele, como líquen escleroso ou dermatite, que podem causar secura, prurido e alterações na cor vulvar;
- Infeções vulvovaginais: resultam em corrimento anormal, vermelhidão, fissuras ou úlceras na vulva.
Dispareunia profunda
- Distúrbios associados a dor pélvica crónica, como cistite intersticial ou síndrome do intestino irritável que geram dor durante o exame ginecológico e sintomas intestinais e urinários.
- Fibromialgia: dor e outros sintomas associados;
- Endometriose: dor durante a menstruação, dor pélvica crónica, dor ao urinar e/ou ao defecar;
- Massas anexiais ou uterinas, como miomas ou quistos nos ovários, que podem causar dor mais lateralizada;
- Doença inflamatória pélvica: corrimento anormal, rigidez no útero ou na região dos ovários e dor durante a avaliação do colo uterino;
- Aderências e anomalias musculares, resultantes de cirurgias anteriores ou problemas nos músculos do pavimento pélvico, levando a dor durante o ato sexual e dificuldades urinárias e intestinais.
Ambas
- Dor ao longo dos nervos e atrofia/secura vaginal, especialmente após a menopausa ou por alterações hormonais passageiras;
- Iatrogenia: causada por procedimentos médicos, como parto vaginal, radioterapia ou cirurgias, podendo tornar a vagina mais curta e estreita.
O que fazer
Na presença dos sintomas referidos, deve procurar um médico, nomeadamente um ginecologista. No entanto, é importante saber que a abordagem a este tipo de queixa pode envolver a participação de profissionais de saúde de diferentes áreas.
Ao indagar sobre a dor durante o sexo, o médico procura entender os detalhes para identificar possíveis causas e tratamentos adequados, nomeadamente:
- Esclarecer as possíveis razões para a dor, que podem ser variadas;
- Entender as caraterísticas da dor: quando começou (de forma repentina ou gradual), onde dói, intensidade, duração e o que desencadeia ou alivia a dor;
- Investigar histórico médico, obstétrico, ginecológico, sexual e de tratamentos já realizados;
- Questionar sobre bem-estar psicológico, problemas de relacionamento e contexto social.
Tratamento
Quando uma mulher sente dor durante as relações sexuais, é essencial focar em três aspetos: reduzir ou eliminar a dor, recuperar o prazer sexual e lidar com questões emocionais e sociais relacionadas.
O tratamento deve ser realizado de forma personalizada, de acordo com o que causa a dor. Uma equipa de profissionais de saúde diversificada, incluindo ginecologistas, sexólogos, psiquiatras, fisioterapeutas e especialistas da dor pode ser necessária para entender por completo e tratar esta dor.
Algumas dicas gerais incluem explorar e massajar a área genital, evitar produtos que possam causar alergias, usar lubrificantes adequados e, se necessário, aplicar medicação anestésica para reduzir a dor durante a penetração.
O tratamento específico depende da causa da dor, podendo incluir diferentes tipos de medicamentos, terapias ou até cirurgia, se necessário.
É importante perceber que o tratamento pode demorar alguns meses e envolver diferentes abordagens para encontrar o que funciona melhor para cada pessoa.
Evolução / Prognóstico
Sem tratamento, a dor persistente durante as relações sexuais pode levar a que as mulheres evitem ter relações. Se conseguirmos identificar e tratar a causa da dor, as perspetivas de melhoria aumentam.
Quando a causa é desconhecida, o prognóstico pode ser menos positivo. É importante saber que o tratamento pode ser demorado e envolver várias áreas da saúde.
Geralmente, o tratamento começa a mostrar resultados após três meses e ao longo do tempo a dor diminui, melhorando a qualidade de vida.
É recomendado um acompanhamento de pelo menos 24 meses para avaliar melhorias.
Prevenção / Recomendações
É complicado prevenir a dor durante o sexo, já que ela tem várias causas. Mas algumas sugestões gerais incluem:
- Usar preservativo durante a atividade sexual para reduzir risco de infeções;
- Usar lubrificante se sentir secura vaginal;
- Em mulheres após a menopausa, aplicar estrogénios na região genital pode ajudar;
- Cuidar do corpo e da mente para se sentir melhor.
Saber Mais
Disfunção sexual;
Vulvodinia;
Vaginismo
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