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Introdução

A gravidez ectópica define-se pelo desenvolvimento de uma gravidez fora da cavidade uterina. 

Frequência

Estima-se que 1 a 2% das gravidezes são ectópicas, sendo a trompa de Falópio a localização mais frequente (95-96%). Em casos mais raros, a gravidez ectópica pode se implantar noutros locais, como no colo do útero, na cicatriz de cesariana, no ovário ou na cavidade abdominal. Uma rotura da gravidez ectópica é a principal causa de morte no 1º trimestre da gravidez. 

Causa

A gravidez ectópica ocorre principalmente por alterações da normal anatomia das trompas de Falópio causadas por infeções pélvicas / doença inflamatória pélvica, cirurgias, anomalias congénitas ou tumores. Gestação em idade avançada, tabagismo e técnicas de procriação medicamente assistida também são fatores de risco conhecidos.

Sinais e sintomas

Clinicamente cursa com atraso menstrual, dor abdominal e hemorragia vaginal. Porém, cerca de 10% das mulheres não apresentam qualquer sintoma para além do atraso menstrual. 

No exame ginecológico, para além da hemorragia genital, pode ser identificada dor à palpação abdominal, dor à mobilização do útero ou a presença de uma massa anexial.

A rotura de gravidez ectópica é uma complicação que se associa a dor abdominal aguda intensa, podendo evoluir para uma situação grave de choque hipovolémico, com necessidade urgente de cirurgia. 

O que fazer

Considerando a gravidade que pode decorrer de um quadro de gravidez ectópica complicada com rotura, qualquer mulher sexualmente ativa em idade reprodutiva deve procurar cuidados médicos na presença dos sinais e sintomas previamente referidos. 

Uma avaliação médica, incluindo exame ginecológico, doseamento sérico da ß-hCG (teste de gravidez) e ecografia transvaginal são importantes para avaliar uma mulher com suspeita de gravidez ectópica.

Tratamento

Na gravidez ectópica da trompa existem três abordagens possíveis para o respetivo tratamento – médica, cirúrgica e expectante. 

O tratamento médico de eleição consiste na injeção intramuscular de metotrexato, que permite bloquear o desenvolvimento da gravidez ectópica. Os principais efeitos secundários deste fármaco são hemorragia vaginal escassa, náuseas, vómitos, diarreia e alopécia. A exposição excessiva ao sol deve ser evitada pela associação do metotrexato com dermatite. Este fármaco não interfere com a reserva ovárica e, portanto, não interfere com a fertilidade futura. 

Para iniciar este tratamento, é necessário ter disponibilidade para manter a vigilância médica regular até à cura. Durante o tratamento é importante evitar relações sexuais ou atividade física que aumente o risco de rotura da gravidez ectópica. O ácido fólico deve ser interrompido e os anti-inflamatórios não esteroides evitados uma vez que podem interferir com a eficácia do metotrexato. A gravidez deve ser adiada por, pelo menos, 3 meses desde a última toma de metotrexato, por se tratar de um fármaco teratogénico.  

O tratamento cirúrgico está recomendado em 3 situações: na presença de contraindicações ao tratamento médico, em doentes com instabilidade hemodinâmica ou sinais de gravidez ectópica rota, e em caso de preferência da doente. A laparoscopia é a via de abordagem de eleição. A cirurgia numa gravidez ectópica na trompa de Falópio consiste na salpingectomia (remoção da trompa afetada pela gravidez) ou na salpingostomia (remoção do tecido da gravidez ectópica através de uma incisão na trompa afetada, sem removê-la). 

Por fim, uma atitude expectante pode ser ponderada em situações selecionadas. 

Evolução / Prognóstico

Todos os tratamentos apresentam uma elevada taxa de sucesso e, portanto, a abordagem deverá ser individualizada perante o contexto clínico. 

O risco de recorrência da gravidez ectópica varia entre 5-25% e não parece ser influenciado pela abordagem terapêutica instituída (metotrexato, salpingectomia ou salpingostomia). 

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