Ameaça de aborto - hemorragia do 1º trimestre
Introdução
Trata-se de hemorragia com origem vaginal durante o primeiro trimestre da gravidez, isto é, até às 12 semanas. Pode surgir associada a dor tipo cólica. É relativamente comum, afectando uma em cada quatro (25%) grávidas.
Causas
Hemorragia de Implantação: ligeira e transitória; quando o embrião se implanta no útero, cerca de 1-2 semanas após ovulação
Ameaça de Aborto: hemorragia e dor; gravidez pode continuar sem problemas
Aborto Espontâneo: perda da gravidez (10-20% das gravidezes)
Gravidez Ectópica: desenvolvimento fora do útero, geralmente nas trompas de Falópio; potencialmente grave
Gravidez Molar: desenvolvimento anormal da placenta, sem gravidez saudável
Outras Causas: infecções ou problemas no colo do útero ou vagina; vascularização exacerbada pela gravidez
Sinais e sintomas
Hemorragia vaginal: Varia desde quantidade ligeira (manchas) a hemorragia intensa com coágulos e saída de tecido da gravidez.
Dor abdominal: Ligeira a moderada, intermitente ou constante; pode ser semelhante à dor tipo cólica menstrual.
Sintomas graves (sinais de alerta): Podem indicar condições mais graves, como a gravidez ectópica:
- Dor abdominal intensa, especialmente aguda ou localizada.
- Dor nos ombros.
- Tonturas ou desmaios.
- Hemorragia intensa, (>1 ou 2 pensos higiénicos por hora).
- Dor ao evacuar ou diarreia.
- Secreção vaginal com odor desagradável.
- Febre ou calafrios.
O que fazer
Deverá dirigir-se ao serviço de urgência hospitalar se hemorragia abundante ou persistente, sintomas graves e dor que não cede à analgesia com paracetamol.
Deverá fazer-se acompanhar dos exames realizados no período pré-concepcional (consulta antes de engravidar) e realizados durante o primeiro trimestre (análises e ecografia obstétrica).
Nos restantes casos, recomenda-se uma primeira avaliação com o médico assistente.
Tratamento
O tratamento vai depender da causa e da gravidade dos sintomas, sendo abordado em detalhe nos artigos “Aborto 1º Trimestre” ou “Gravidez ectópica”.
No caso da ameaça de aborto e caso a hemorragia seja ligeira, o médico pode apenas recomendar atitude expectante e manter vigilância – “esperar e observar”. Será acompanhada por algumas semanas, e caso a hemorragia pare ou diminua, pode não ser necessário mais tratamento.
Nos casos de gravidez de localização indeterminada, poderá ser necessário um acompanhamento rigoroso com exames de sangue frequentes (medição dos níveis de hCG) e ecografias de seguimento para determinar a evolução da gravidez. Estes testes ajudam a distinguir entre aborto espontâneo precoce, gravidez ectópica ou gravidez em curso.
Atualmente, não existem tratamentos comprovados que possam prevenir um aborto espontâneo. Não há evidência de que o repouso absoluto ou o uso de progesterona ajudem a melhorar os resultados. Pode recomendar-se um repouso relativo e abstinência sexual, embora também sem evidência, para reduzir o risco de hemorragia vaginal por outras causas, nomeadamente com origem cervical e vaginal.
O apoio emocional durante este processo é fundamental. Grupos de apoio, aconselhamento e os seus profissionais de saúde podem oferecer orientação e cuidado durante este momento delicado.
Evolução / Prognóstico
A hemorragia no início da gravidez pode estar associada a complicações imediatas, como aborto espontâneo, ou mais tarde ao longo da gravidez, como o parto prematuro, rotura das membranas e problemas no crescimento do feto.
O prognóstico tende a ser mais favorável quando a hemorragia é ligeira e ocorre nas primeiras semanas da gravidez (menos de 6 semanas). No entanto, se a hemorragia for mais intensa ou persistir até o segundo trimestre, o risco de complicações aumenta significativamente.
Se houver hemorragia vaginal e o coração do embrião continuar a bater entre as 7 e 11 semanas de gestação, a maioria das gravidezes (90-96%) vai resultar numa gravidez saudável. Contudo, se houver um hematoma subcoriónico (acúmulo de sangue entre o saco gestacional e a parede do útero) que ocupe mais de 25% do saco gestacional, o risco de aborto aumenta.
Prevenção / Recomendações
A ameaça de aborto não é, na maioria dos casos, possível prevenir.
É fundamental optimizar a saúde antes da gravidez e garantir um planeamento pré-concepcional adequado, de forma a identificar e, sempre que possível, tratar condições médicas que possam aumentar o risco de aborto.
Também é importante a suplementação adequada, sobretudo de ácido fólico.
Saber Mais
- Aborto espontâneo
- Perda gestacional recorrente
- Ecografia obstétrica 1ºT
- Gravidez ectópica
- Doença gestacional do trofoblasto
- Cervicite
- Dor pélvica
- Vulvovaginites
Deseja sugerir alguma alteração para este tema?
Existe algum tema que queira ver na Ginepedia - Enciclopédia Online?