Miomas uterinos | Ginepedia - Enciclopédia Online

Introdução

Os miomas uterinos são tumores benignos, com origem no músculo das paredes do útero (miométrio).

Frequência

Os miomas são frequentemente diagnosticados em exames de rotina uma vez que, frequentemente, não dão sintomas. São mais frequentes em mulheres em idade fértil, podendo afetar até 70% das mulheres aos 50 anos.

Causa

Sabe-se que o estrogénio e a progesterona (hormonas produzidas normalmente pelo ovário da mulher) podem levar ao crescimento dos miomas. No entanto, o seu aparecimento depende também de outros fatores, como a obesidade, o consumo exagerado de carnes vermelhas, o consumo de álcool e o défice de vitamina D. Esta patologia é também mais frequente em mulheres de raça negra, mulheres sem filhos e em caso de história familiar de miomas.

Sinais e sintomas

Muitas mulheres com miomas uterinos não têm sintomas, pelo que muitas vezes só são diagnosticados através da realização de exames de imagem.

Os sintomas mais frequentes podem ser divididos em três grupos:

Hemorragia vaginal – é o sintoma mais frequente, habitualmente manifestando-se por menstruação mais longa e com fluxo mais abundante;
Sintomas compressivos – a dor do baixo ventre, muitas vezes associada à menstruação, é o segundo sintoma mais frequente; em casos menos frequentes, a mulher pode sentir dor na relação sexual, e falsa vontade de evacuar e urinar;
Complicações reprodutivas – os miomas uterinos, dependendo da sua localização, podem condicionar a fertilidade da mulher, isto é, a sua capacidade de engravidar, ou podem aumentar o risco de abortamento espontâneo.

O que fazer

Caso existam sintomas sugestivos de miomas uterinos deve ser agendada uma consulta com o médico assistente, para que seja realizada uma avaliação clínica e imagiológica dirigida, e instituída terapêutica adequada.

Se os sintomas forem muito intensos, isto é, uma hemorragia vaginal abundante a condicionar tonturas ou desmaio, ou uma dor muito intensa que não melhora com medicamentos para as dores, a doente deve dirigir-se ao serviço de urgência.

Por outro lado, se o diagnóstico ou a suspeita de mioma surgir no decurso de um exame realizado, é aconselhado o agendamento de uma consulta (não urgente) para que possa ser realizado o aconselhamento e orientação futura.

Tratamento

O tratamento dos miomas uterinos está habitualmente reservado aos casos em que existem sintomas associados, podendo ser médico ou cirúrgico.

Tratamento médico

O tratamento médico dos miomas pode ser dividido em dois grupos: não hormonal e hormonal.

O tratamento não hormonal está muitas vezes indicado em situações de doença aguda, isto é, situações mais severas que levam a mulher ao serviço de urgência. São exemplos os antifibrinolíticos e os anti-inflamatórios não esteróides. Os primeiros são fármacos que ajudam no controlo da hemorragia e os segundos, além do mesmo efeito, atuam também no controlo da dor. Em situações mais prolongadas a mulher pode desenvolver anemia, por vezes com necessidade de ser medicada com ferro.

O tratamento hormonal visa o controlo dos sintomas a “longo prazo”. São exemplos as pílulas contracetivas (progestativas ou combinadas), o anel vaginal e o dispositivo intrauterino hormonal. Em casos mais complexos e/ou refratários, e normalmente em meio hospitalar, podem ser administrados outros fármacos de forma a controlar os sintomas e melhorar as condições clínicas previamente a uma eventual cirurgia.

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico está habitualmente reservado para casos de falha do tratamento médico. Por um lado, a miomectomia, que consiste na remoção de miomas com preservação do útero, por outro lado a histerectomia, que consiste na remoção do útero, sendo um tratamento cirúrgico definitivo.

Existem ainda outras modalidades terapêuticas invasivas como a embolização das artérias uterinas e a ablação por radiofrequência. São técnicas utilizadas para controlar a hemorragia, tanto em mulheres que desejem preservar o útero, quanto em mulheres com patologias que contraindicam a cirurgia. No entanto, só estão disponíveis em alguns hospitais.

Evolução / Prognóstico

Os miomas uterinos são uma patologia frequente, e com impacto na mulher em idade fértil. Durante essa fase, pode ocorrer crescimento dos miomas, no entanto, estima-se que 7 a 40% regridam espontaneamente, em particular após o parto. Também na menopausa, ao cessar a produção hormonal dos ovários, os miomas têm tendência a decrescer.

O risco de malignidade dos miomas é muito baixo, estimado em menos de 0,3%. Este risco é maior quando existe um crescimento exuberante do mioma ou surjam características incomuns nos exames de imagem.

Prevenção / Recomendações

Não existem medidas específicas preventivas ao aparecimento de miomas. No entanto, a mulher deve manter um estilo de vida saudável, com controlo do peso, diminuição do consumo de carnes vermelhas e álcool, e controlo da tensão arterial e da diabetes.

A ecografia ginecológica não deve ser realizada com o único intuito de diagnosticar miomas uterinos. A realização deste exame deve ser reservada a mulheres com aparecimento de queixas de novo, ou com indicação médica.