Menu

Introdução

A Ressetoscopia é uma técnica cirúrgica endoscópica que permite realizar o tratamento de patologia de dentro do útero, utilizando um instrumento chamado ressetoscópio, que é introduzido no útero através da vagina e do colo do útero e que está acoplado a uma fonte de energia eletromecânica apropriada para remoção das lesões. A cirurgia está indicada na patologia intrauterina que pode ser assintomática ou manifestar-se como hemorragia uterina anormal (hemorragia após a menopausa, hemorragia intermenstrual ou menstruação abundante), amenorreia (ausência de período>6 meses) ou maus desfechos obstétricos. 

Para a introdução do ressetoscópio é habitualmente necessária a realização da dilatação do colo uterino. A cavidade uterina é virtual, pelo que é utilizado um líquido para distender a cavidade e permitir a visualização do seu interior. Em determinadas situações, poderá ser necessário a doente realizar medicação previamente, de forma a facilitar o procedimento.

 

Uma imagem com Equipamento médico, médico, cuidados de saúde, pessoa

Descrição gerada automaticamente
Esta técnica permite o tratamento de múltiplas patologias de uma forma minimamente invasiva. Em muitos casos a cirurgia pode ser realizada em regime de ambulatório, com a admissão e a alta no próprio dia e o retorno rápido à vida normal.

O que fazer

PREPARAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA

Idealmente e em mulheres com ciclos regulares, a ressetoscopia deve ser realizada nos primeiros 14 dias após o último dia da menstruação (fase folicular do ciclo menstrual).  

Na maioria das mulheres será necessário: 

  • Análises e eletrocardiograma. 
  • Avaliação uterina prévia que pode ser através de ecografia ginecológica/histerossonografia, histeroscopia ou ressonância magnética pélvica, de acordo com a indicação clínica. 
  • A preparação cervical deve ser ponderada em casos particulares, nomeadamente nas doentes pós-menopáusicas e nas pré-menopáusicas com suspeita de estenose cervical ao exame ginecológico. Consiste na aplicação de 400 µg de misoprostol por via vaginal pelo menos 4 horas antes do procedimento e nas situações em que é previsível uma dilatação cervical mais laboriosa, utilização de 25 µg estrogénio tópico vaginal diário 15 dias antes da cirurgia
  • A preparação endometrial pode ser ponderada em mulheres na pré-menopausa com o intuito de facilitar o exame ou corrigir anemia previamente à cirurgia. Pode consistir na toma de uma pílula com ou sem estrogénios. Em situações de hemorragia uterina anormal persistente e em alguns tipos de mioma pode ser necessário administrar um medicamento que induz uma menopausa artificial nos 3 meses prévios à cirurgia (análogos da GnRH). 

A anestesia realizada pode ser semelhante a epidural ou anestesia geral. 

Tratamento

INDICAÇÕES

  • Excisão de pólipos e miomas submucosos não passíveis de tratar com uma técnica semelhante em gabinete de consulta (histeroscopia de consultório).
  • Lise de aderências entre as paredes do útero (sinéquias).
  • Correção de malformação uterina denominada Septo uterino.
  • Correção de defeitos de cicatriz de cesariana
  • Excisão de restos ovulares/placentários (após aborto/gravidez). 
  • Tratamento conservador de lesões malignas e pré-malignas uterinas/ablação endometrial (destruição ou remoção da camada do endométrio). 

CONTRAINDICAÇÕES

  • Infeções do trato genitourinário inferior nomeadamente doença inflamatória pélvica, infeção aguda do colo uterino (cervicite) ou da vagina (vaginite).
  • Gravidez.
  • Neoplasia maligna do colo ou corpo uterino em estádio avançado.
  • Perfuração uterina recente (<4 semanas).
  • Hemorragia uterina abundante.
  • Distância ecográfica do mioma à serosa <5 mm.

 

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA CIRÚRGICA

  1. A doente é posicionada com as pernas afastadas. 
  2. É realizada a desinfeção e o esvaziamento da bexiga. 
  3. De seguida, é colocado o espéculo e feita a preensão do colo do útero.
  4. É efetuada a dilatação progressiva do canal cervical, evitando trauma ou perfuração uterina. 
  5. Procede-se à introdução do ressetoscópio e distensão da cavidade uterina com fluido adequado à energia utilizada. 
  6. O aparelho é acionado ressecando o tecido anormal em fatias, até ser removido na sua totalidade ou interrompido ao fim de 60 minutos. 
  7. Os fragmentos são removidos com o ressetoscópio e enviados para estudo anatomopatológico.

Evolução / Prognóstico

COMPLICAÇÕES/ PROGNÓSTICO

As complicações da ressetoscopia são raras e podem ser classificadas como intra-operatórias e pós-operatórias. 

Intra-operatórias: 

  • Hemorragia
  • Intravasitação: sobrecarga hídrica que pode estar associada à passagem de líquido para a circulação e que pode cursar com edema pulmonar e/ ou cerebral de acordo com o fluído utilizado.
  • Perfuração uterina: se for realizada com a ansa ativada poderá ser necessário complementar o procedimento com cirurgia abdominal no mesmo tempo operatório para excluir lesão do intestino ou da bexiga e atuar de acordo com a extensão da lesão. 
  • Embolia Pulmonar gasosa 

Pós-operatórias: 

  • Aderências uterinas (sinéquias)
  • Infeção
  • Hemorragia
  • Obstrução das trompas de Falópio
  • Complicações em gravidez futura, associadas com fragilidade da parede uterina. 

As utentes devem ter em consideração que o procedimento pode ser interrompido precocemente se houver uma sobrecarga hídrica e ser realizado em dois tempos (repartir em 2 ou mais cirurgias), uma vez que em algumas situações não é possível a remoção completa da lesão num único procedimento. 

PÓS OPERATÓRIO/ RECOMENDAÇÕES (opcional, máx. 500 caracteres)

  • Vigilância da frequência cardíaca e respiratória, tensão arterial, temperatura e perda hemática vaginal. 
  • Alívio da dor, se necessário com paracetamol e/ou anti-inflamatório (ibuprofeno, metamizol, etc). 
  • Pode ser necessária colocação de algália durante algumas horas 
  • Alta no próprio dia se cirurgia de ambulatório ou até 24 horas após a cirurgia, se em regime de internamento. 
  • As perdas de sangue vaginais serão em quantidade escassa e de duração variável (alguns dias ou até à próxima menstruação).
  • Evitar relações sexuais nas 2 primeiras semanas pós-operatórias.
  • Se febre, corrimento vaginal com cheiro fétido ou dor pélvica, a utente deverá recorrer ao serviço de urgência de ginecologia mais próximo. 
  • Consulta de revisão pós-operatória em cerca de 6 semanas após o procedimento, incluindo a realização de ecografia transvaginal se procedimento incompleto ou com intercorrências. 
  • A alternativa à realização da ressetoscopia é a histerectomia (remoção cirúrgica do útero) que é uma cirurgia mais laboriosa e que envolve mais riscos cirúrgicos.
  • O risco do não tratamento depende da apresentação clínica e do diagnóstico. Os principais riscos são: anemia e eventual necessidade de transfusão de sangue; transformação maligna; falha da implantação do embrião e consequente infertilidade; e maus desfechos obstétricos, como abortamento ou apresentação fetal anómala

Deseja sugerir alguma alteração para este tema?
Existe algum tema que queira ver na Ginepedia - Enciclopédia Online?

Envie as suas sugestões

Newsletter

Receba notícias da Ginepedia - Enciclopédia Online no seu e-mail