Menu

Introdução

A diabetes gestacional (DG) consiste na elevação dos níveis de açúcar (hidratos de carbono) no sangue, que aparece pela primeira vez na gravidez, e desaparece geralmente depois do parto.

A DG pode causar problemas para a grávida e para o bebé, mas esses riscos podem ser reduzidos se for detetada atempadamente e devidamente tratada.

Frequência

A DG desenvolve-se entre 2-38% das gravidezes, dependendo das caraterísticas das diferentes populações. Em Portugal, em 2018, afetou 8,8% das grávidas do Sistema Nacional de Saúde. 

Sinais e sintomas

A DG é assintomática, sendo uma das patologias rastreadas por rotina durante a gravidez.

O diagnóstico de DG pode ser realizado no 1º trimestre, juntamente com as restantes análises do 1º trimestre que o ´profissional de saúde pedirá, através da avaliação da glicemia, isto é, nível de “açúcar no sangue”. Esta análise deve ser feita após um período de 8 a 12 horas de jejum.

Se este primeiro teste for normal, será realizado um novo rastreio de DG no 2º trimestre da gravidez, entre as 24 e as 28 semanas.

Neste teste, que se chama Prova de Tolerância à Glicose Oral (PTGO), será novamente avaliado o valor da glicemia em jejum. De seguida, a grávida beberá uma bebida rica em açúcar, e será novamente avaliado o valor da glicemia 1 e 2 horas após a ingestão.

Mais uma vez, para este teste é necessário estar em jejum, entre 8 a 10 horas. É importante que não tenha um jejum superior a 12 horas, pois pode ficar maldisposta e vomitar durante o exame, o que levará a que o tenha de repetir.

O que fazer

Para que a gravidez e o desenvolvimento do bebé ocorram sem complicações, o mais importante depois do diagnóstico de DG é ter um bom controlo dos valores de glicemia. Este objetivo é atingido através de um plano alimentar individualizado e um plano de atividade física adequado e adaptado à gravidez.

Para além disso, e de forma a acompanhar o desenvolvimento fetal, para além das ecografias habituais da gravidez (morfológica entre as 20-22 semanas e avaliação do crescimento entre as 30-32 semanas), deve ser ainda realizado:

  • Ecocardiograma fetal entre as 20-24 semanas: para avaliação do coração do bebé, nos casos em que a diabetes é difícil de controlar ou em que o diagnóstico de DG foi feito logo no 1º trimestre;
  • Ecografia de avaliação do crescimento fetal às 28 semanas: se diagnóstico de DG no 1º trimestre;
  • Ecografia de avaliação do crescimento fetal às 36-37 semanas: se a diabetes é difícil de controlar ou caso tenha sido detetada uma alteração do crescimento do bebé (muito grande ou muito pequeno) e/ou do líquido amniótico (aumentado ou diminuído) em ecografias anteriores.

Tratamento

O controlo da DG é feito essencialmente tendo por base um plano alimentar idividualizado e elaborado por um nutricionista (três refeições principais, 2-3 lanches e ceia) e um plano de actividade física adequado e adaptado à gravidez (por exemplo, 30 minutos de marcha, idealmente após uma das refeições principais). 

De forma a verificar se o controlo dos níveis de glicemia está a ser conseguido, a grávida deve realizar 4 avaliações diárias da glicemia capilar, ou seja, através de uma picada no dedo. Os valores que devem ser atingidos são:

  • Jejum: <95 mg/dL;
  • 1 hora após o início das principais refeições (pequeno-almoço, almoço e jantar): <140 mg/dL.

Se a dieta e o exercício físico não estiverem a ser suficientes para controlar a DG, o obstetra pode optar por, em conjunto com o Endocrinologista, iniciar medicação. 

Evolução / Prognóstico

A maioria das mulheres que desenvolve diabetes na gravidez têm uma gravidez e bebé saudáveis. No entanto, se a DG não for diagnosticada ou bem controlada, podem surgir complicações:

  • Para a grávida, a principal complicação associada à DG é a pré-eclâmpsia, ou seja, o aumento da tensão arterial durante a gravidez, mais frequentemente no final da gravidez. A elevação da tensão arterial aparece, geralmente, acompanhada de dores de cabeça, alterações da visão ou uma azia muito forte.
  • Bebé grande para a idade gestacional.
  • Parto induzido, cesariana ou problemas ao nascimento.
  • Após o parto, o bebé pode ter valores baixos de açúcar no sangue e está mais predisposto a necessitar de cuidados nas unidades de neonatologia.

A DG normalmente desaparece após o parto, podendo, por isso, parar a medicação caso seja o caso.

Entre 6-8 semanas após parto, deverá ser realizada uma nova prova de tolerância à glicose (PTGO) para verificar se os valores voltaram ao normal. 

Relativamente ao prognóstico a longo prazo, a DG pode voltar a aparecer em até 60% dos casos numa gravidez seguinte. Sabe-se, ainda, que todas as mulheres que tiveram DG têm um risco aumentado de desenvolver Diabetes mellitus tipo 2 no futuro.

Prevenção / Recomendações

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de DG são: 

  • Idade materna ≥ 35 anos;
  • Excesso de peso e obesidade (índice de massa corporal >30);
  • História de DG em gravidez anterior;
  • Filho anterior com 4,5 kg ou mais; 
  • Antecedentes de hipertensão arterial;
  • História familiar de diabetes;
  • Se a sua família é de origem sul asiática, chinesa, caribe-africana.

Assim, a melhor forma de prevenção passa pelo controlo dos fatores de risco que pode controlar: manter um peso adequado, bom controlo das tensões, alimentação saudável e prática regular de exercício físico.

Deseja sugerir alguma alteração para este tema?
Existe algum tema que queira ver na Ginepedia - Enciclopédia Online?

Envie as suas sugestões

Newsletter

Receba notícias da Ginepedia - Enciclopédia Online no seu e-mail