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Introdução

O anel vaginal é um dos métodos de contraceção hormonal combinada, disponível em Portugal. A contraceção hormonal combinada (CHC) refere-se à associação de duas hormonas (progestativo e estrogénio), com a finalidade de prevenir uma gravidez não planeada, de forma reversível. O anel vaginal é uma estrutura de silicone, fino e flexível, com um diâmetro de 5cm, que se aplica na vagina, classicamente de 3 em 3 semanas. 

Embora não exista nenhum método 100% eficaz na prevenção da gravidez, a CHC é muito eficaz.

No período de pausa ocorre o período menstrual. Se não pretender menstruar, a CHC pode ser feita continuamente, sem período de pausa.

EPIDEMIOLOGIA

Actualmente, verifica-se um aumento nas utilizadoras do anel vaginal, potencialmente devido à facilidade de acesso, segurança, eficácia e a aplicação mensal oferecida por este método.

71-98% das utilizadoras do anel vaginal refere uma alta adesão a este método, sem interferência no dia a dia, nomeadamente na actividade sexual, sendo que a aceitação aumenta com a maior durabilidade de uso do método. 

O que fazer

ESCOLHA DO MÉTODO 

Numa abordagem inicial para aconselhamento contracetivo, dever-se-á ter em conta não só a eficácia, disponibilidade e segurança do método atendendo a eventuais doenças ou condições que o possam contra-indicar.

A escolha deve ser da mulher com a ajuda do médico, de acordo com a sua vontade, necessidades e doenças existentes. 

QUEM PODE USAR

Qualquer mulher em idade fértil, sem patologia que contra-indique o uso de um método hormonal combinado. Se tem alguma doença crónica aconselhe-se sempre com o seu médico.

Existem mulheres que não devem fazer CHC, tais como:

  • Idade igual ou superior a 35 anos e fumadora
  • Dúvida se está grávida
  • Trombose ou enfarte no passado
  • Cancro da mama atual ou no passado
  • Tem alguns tipos de doença do fígado
  • Tem alguns tipos de doença do coração
  • Tem enxaqueca com aura (alterações da visão ou audição)

Em mulheres a amamentar é importante informar acerca do impacto do estrogénio na diminuição de produção de leite, pelo que está recomendado protelar início de CHC até à 5ª semana pós-parto.

Tratamento

MÉTODOS DISPONÍVEIS 

Existem vários anéis disponíveis no mercado, todos compostos pelas mesmas hormonas, diâmetro igual e eficácia contracetiva semelhante. Podem variar na necessidade de refrigeração, pelo que se deve ter atenção às indicações. 

QUANDO E COMO COMEÇAR 

O início nos primeiros 5 dias de ciclo, confere eficácia contracetiva imediata, contudo, atualmente recomenda-se o quick start, após exclusão de gravidez. O quick start compreende o início imediato do novo método no dia da consulta/ prescrição.

Inicio ao domingo (“Sunday start”) – o anel é colocado no primeiro domingo após a menstruação.

O que fazer em caso de esquecimento

Se atraso na troca do anel vaginal superior a uma semana, deve-se colocar o novo anel  o quanto antes, com o uso de proteção adicional nos primeiros 7 dias, por exemplo um método barreira. 

Se a colocação do anel for superior a mais de cinco dias após o inicio da menstruação, deve ser adicionado um método contracetivo não hormonal nos primeiros sete dias.

O anel pode ser mantido durante a atividade sexual. Porém, em caso de desconforto, este pode ser removido durante 3 horas, sem diminuição da sua eficácia contracetiva.

Se teve sexo desprotegido pode fazer contraceção de emergência (“pílula do dia seguinte”) o mais rápido possível. A pausa entre anéis nunca deve ser superior a sete dias, independentemente da perda de sangue. 

Como tomar

O anel é classicamente usado três semanas, com uma semana de pausa onde ocorre a hemorragia de privação, colocando novo anel no final dessa semana. Pode ser trocado de 4 em 4 semanas, sem semana de pausa, podendo ocorrer ou não hemorragia de privação na última semana de utilização.

Outra opção é a utilização do AV de forma contínua com a troca do mesmo a cada 3 semanas, naquelas mulheres que pretendem não menstruar. 

Um método mais fácil de uso, diminuindo a probabilidade de esquecimento é a troca de anel no 1º dia de cada mês. 

Efeitos laterais:

Efeitos laterais por vezes descritos com a combinação esteroprogestativa incluem:

  • dor de cabeça
  • náusea
  • sensibilidade mamária
  • hemorragia imprevisível 

Deve-se suspender método em caso de aparecimento de novo de: 

  • Diminuição da força dos membros (braço ou perna)
  • Formigueiro da face, braço ou perna
  • Dor de cabeça intensa unilateral pulsátil com formigueiros ou sintomas visuais
  • Dor intensa ou inchaço nos membros inferiores
  • Dificuldade respiratória súbita
  • Dor no peito
  • Icterícia (tom amarelo da pele)

VANTAGENS 

Os métodos CHC para além da eficácia contracetiva, possuem outras vantagens como: 

  • Regularização do ciclo
  • Melhoria  de acne e excesso de pêlo
  • Terapêutica da dor menstrual
  • Diminuição da quantidade e dias de menstruação
  • Prevenção de algumas doenças como doença fibrocística da  mama, endometriose, perda de massa óssea, artrite reumatóide, anemia por falta de ferro
  • Diminuição do risco: cancro do ovário, endométrio, colorretal
  • Tratamento dos sintomas da perimenopausa

Saber Mais

MITOS DA CHC

São várias as crenças associadas aos métodos de contraceção hormonal combinada: 

  • Fumadoras não podem usar CHC – mulheres saudáveis com menos de 35 anos, poderão adoptar um destes métodos; porém a partir dos 35 anos estes estão contra-indicados nas fumadoras
  • A CHC protege de doenças sexuais – a única forma de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis é o uso de um método de barreira
  • A CHC engorda – as hormonas presentes nos diferentes métodos não foram relacionadas com o aumento de peso. 
  • Quem faz contraceção muito tempo terá mais dificuldade em engravidar – o uso de pílula não está associado a infertilidade, nem se deve fazer pausas de método de tempos a tempos. 
  • Não devo fazer o método contínuo, pois não menstruar faz mal ao organismo – o uso de CHC, sem os comprimidos placebo ou semana de pausa, pode ser uma opção naquelas mulheres que pretendem não menstruar, sem impacto negativo na sua saúde. 
  • Se menstruar com o anel devo removê-lo se pretender aplicar tampão – o uso simultâneo de tampão e anel é possível, sem redução da eficácia do último. 

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