Gravidez múltipla
Introdução
A gestação múltipla ou gemelar corresponde a uma gravidez com mais de um feto.
Os gémeos dizigóticos (comumente apelidados de “gémeos falsos”) originam-se após a junção de dois óvulos (maternos) por dois espermatozóides (paternos) diferentes.
Os gémeos monozigóticos (comumente apelidados de “gémeos verdadeiros”) têm origem na junção de um único óvulo e espermatozóide, que posteriormente se divide, razão pela qual são semelhantes.
Desta forma, os “gémeos falsos”, separados desde o início, encontram-se também no útero em bolsas separadas e têm cada um uma placenta própria (apelidada de gravidez bicoriónica, biamniótica).
Nos “gémeos verdadeiros” isso vai depender do momento em que se dividem, estando também separados em duas bolsas e tendo duas placentas se essa divisão for precoce, e partilhando-as se for mais tardia (apelidada de gravidez monocoriónica, monoamniótica).
Frequência
Os gémeos dizigóticos (“gémeos falsos”) correspondem a cerca de 75% de todas as gestações múltiplas, apresentando uma tendência familiar. Os gémeos monozigóticos (“gémeos verdadeiros”) correspondem a cerca de 25% das gestações gemelares.
Causa
A incidência de gravidez gemelar tem aumentado devido ao incremento da idade materna média e ao uso de técnicas de reprodução medicamente assistida.
Sinais e sintomas
O diagnóstico médico de gravidez gemelar pode ser desafiante, sendo que previamente ao uso da ecografia, o diagnóstico era frequentemente realizado no momento do parto.
Na gravidez gemelar as queixas de enjôo, vómitos e cansaço tendem a ser mais frequentes e intensas, relativamente a gestações com um só feto. Para além disso, o crescimento uterino é mais rápido.
O que fazer
Para classificar a gravidez gemelar nos seus diferentes tipos é necessário realizar uma ecografia obstétrica.
Diferenciar entre uma gestação com uma ou mais placentas pode ser difícil, contudo, é essencial, visto que determina a vigilância da gravidez e os seus riscos.
Na ecografia do 1º trimestre de gravidez, realizada entre as 11 semanas e as 13 semanas e 6 dias de gestação, é possível determinar o número de placentas e de bolsas amnióticas.
Ecografias adicionais que o médico assistente poderá recomendar realizar:
Gravidez bicoriónica (2 placentas) | A partir das 20 semanas: ecografia a cada 4 semanas |
Gravidez monocoriónica (1 placenta) | A partir das 16 semanas: ecografia a cada 2 semanas |
Entre as 18 e as 22 semanas: Ecocardiografia fetal (ecografia ao coração fetal) |
Tratamento
Timing do parto: O parto de gémeos deve ser antecipado, mesmo na ausência de complicações maternas ou fetais, para minimizar os riscos maternos e fetais.
Gravidez dupla bicoriónica, biamniótica (2 placentas, 2 bolsas) | Parto vaginal ou cesariana pelas 37-39 semanas |
Gravidez dupla monocoriónica, biamniótica (1 placenta, 2 bolsas) | Parto vaginal ou cesariana pelas 36-37 semanas |
Gravidez dupla monocoriónica, monoamniótica (1 placenta, 1 bolsa) | Cesariana pelas 32-34 semanas |
Gravidez tripla (3 fetos) | Cesariana pelas 34-35 semanas |
Tipo de parto:
Para determinar se pode ocorrer um parto vaginal ou se deve ser agendada uma cesariana, os médicos levam em consideração: o tipo de gestação, as semanas de gravidez, o peso estimado dos fetos, a posição de um gémeo relativamente ao outro, e as particularidades da equipa obstétrica e do hospital.
Assim, duas gestações aparentemente semelhantes, podem apresentar diferentes planos para a via de parto. Se o primeiro feto (feto mais perto da bacia materna, mais abaixo) estiver em apresentação cefálica, ou seja, com a cabeça fetal mais perto da bacia materna, a probabilidade de parto vaginal é maior.
A via de parto deve ser discutida com o médico assistente.
Evolução / Prognóstico
Evolução da gravidez:
Na gravidez gemelar existe um risco aumentado de complicações maternas e de formas severas e atípicas de apresentação das mesmas, em comparação com a gravidez unifetal.
Riscos maternos mais expressivos: náuseas e vómitos excessivos da gravidez, diabetes gestacional, elevação da pressão arterial, pré-eclâmpsia, anemia, depressão pós-parto, entre outras.
Riscos fetais: não desenvolvimento ou morte de um dos fetos, crescimento insuficiente, parto antes do termo, paralisia cerebral, mortalidade neonatal e infantil, entre outras.
Prevenção / Recomendações
Nutrição materna e ganho de peso:
A alimentação materna influência o crescimento fetal adequado e a duração da gravidez. Na gravidez gemelar o gasto de energia é maior, em relação à gravidez de um só feto. Assim, os objetivos de ganho de peso materno são também maiores na maioria dos casos.
Risco de parto pré-termo:
O parto precoce (antes das 37 semanas de gestação) é a complicação mais frequente nas gestações gemelares, razão pela qual o seguimento médico deve ser adequado.
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