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Introdução

A menopausa é a data da última menstruação e é diagnosticada após um ano sem menstruação. Ocorre, geralmente, entre os 45 e os 55 anos, marcando o fim da idade fértil da mulher. 

Sinais e sintomas

A diminuição dos estrogénios pode provocar na mulher sintomas que podem ter mais ou menos impacto no seu quotidiano: 

  • Afrontamentos e suores noturnos;
  • Alterações do humor, do sono, irritabilidade, secura da vagina, dor na relação sexual, ardência ao urinar, infeções urinárias, mais risco de doença cardíaca, enfartes, aumento do colesterol, descalcificação dos ossos e aumento do risco de fraturas.
  • Alterações cutâneas; 
  • Alterações cardiovasculares (CV) e metabólicas;
  • Diminuição da densidade mineral óssea.

O que fazer

EM QUEM ESTÁ INDICADA?

A TH está indicada no tratamento de sintomas físicos e ou psicológicos que surgem pelo défice de estrogénio. Está indicada nos casos das mulheres que deixam de menstruar antes dos 45 anos, mesmo que não tenham sintomas (menopausa precoce ou antes dos 40 anos, insuficiência ovárica prematura). Deve ser implementada em conjunto com estilo de vida saudável, como dieta equilibrada, exercício físico, cessação tabágica e redução do consumo de álcool. 

QUEM NÃO DEVE TOMAR?

A TH está contra-indicada em algumas situações, nomeadamente:

  • Hemorragia vaginal de causa desconhecida;
  • Suspeita de gravidez;
  • Antecedentes ou história atual de tromboembolismo;
  • Doença hepática aguda ou alterações da função hepática;
  • Trombofilia hereditária ou adquirida;
  • Hipertensão não controlada;
  • Doença neuro-oftálmica vascular;
  • Antecedentes ou história atual de cancro de mama, endométrio ou outra neoplasia hormonodependente;

Para além destas contraindicações absolutas, existe uma lista de contraindicações relativas, isto é, situações em que o risco associado à toma de TH tem que ser muito bem pesado face aos seus benefícios. O médico depois da história clínica irá informá-la para poder tomar a decisão que melhor se adapte a si.

Tratamento

TERAPÊUTICA HORMONAL (TH)

A sua base está na administração de hormonas idênticas às que eram em produzidas nos ovários (estrogénios) por via oral (comprimidos,) transdérmica (selos, gel ou spray) e intravaginal.

Os estrogénios podem ser dados isoladamente (EI) nas mulheres sem útero, ou em associação a progestativos (EP)nas mulheres com útero cuja principal função é a proteção do endométrio (camada mais interna do útero). 

Os estroprogestativos podem ser oferecidos segundo dois regimes terapêuticos:

  • Contínuo combinado – progestativo associado ao estrogénio desde o início da terapêutica simultânea e continuamente 
  • Sequencial cíclico – progestativo associado a estrogénio durante 10-14 dias por mês. Este modo está associado a uma hemorragia (semelhante a uma menstruação escassa).

Prevenção / Recomendações

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS BENEFÍCIOS?

  • Reduz os sintomas vasomotores como afrontamentos e suores noturnos;
  • Reduz a incidência de todas as fraturas, mesmo em mulheres sem risco aumentado de fratura;
  • Melhora o perfil de risco cardiovascular devido aos efeitos benéficos na função vascular, níveis de gorduras no sanguee metabolismo da glicose, parecendo diminuir a incidência de diabetes mellitus;
  • Melhora a atrofia vaginal, sintomas de incontinência urinária e diminui infeções urinárias;
  • Reduz o risco de cancro colorretal;
  • Reduz o risco de doença de Alzheimer e demência, quando iniciada durante os primeiros anos após a menopausa;
  • Reduz a mortalidade global, quando introduzida precocemente após a menopausa e melhora a qualidade de vida.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS RISCOS?

  • Aumenta o risco de AVC isquémico, se iniciada tardiamente. (mais de 60 anos e mais de 10 anos decorridos desde a menopausa) O início precoce não parece associar-se a doença cerebrovascular;
  • Aumenta o risco tromboembólico (TE), principalmente com TH oral. A terapêutica transdérmica não parece estar associada a este efeito adverso;
  • Aumento do risco de cancro de mama. Está principalmente associado ao uso de progestativos e varia consoante o início de exposição e a duração do tratamento. O risco de cancro de mama atribuível à TH é baixo (1 por 1000 mulheres por ano de utilização), sendo mesmo equiparável ao associado ao sedentarismo, e inferior ao risco associado à obesidade e consumo de álcool.
  • Aumento do risco de hiperplasia e cancro do endométrio.  É dependente da dose e duração do tratamento e a associação a um progestativo em esquema sequencial ou contínuo reduz este risco. O DIU com progestativo é uma estratégia eficaz na redução do risco de hiperplasia e cancro do endométrio, especialmente em mulheres obesas. 

Não há associação estabelecida com a incidência de lesões de alto grau e cancro do colo do útero, ovário ou pulmão.

QUANDO INICIAR? 

Na mulher saudável, sintomática, até 10 anos após a menopausa e com menos de 60 anos. Deve ter em conta o perfil de risco, a preferência pessoal e as características da TH.

Deve ser feita uma história clínica detalhada, podendo ser utilizadas calculadoras de risco que possam ajudar a chegar a uma decisão partilhada. Estas devem ser usadas em conjunto com o seu médico.

Como exames complementares de diagnóstico, devem fazer parte da avaliação:

  • Exames laboratoriais;
  • Densitometria óssea – dependendo do risco de fratura;
  • Rastreios em vigor atualizados: mamografia, citologia e rastreio do cancro colorretal;

A TH não deve ser iniciada em mulheres com história pessoal ou atual de cancro de mama, endométrio ou outra neoplasia dependente de hormonas.

Ao longo do seguimento deve ser aferida a adesão e tolerância ao tratamento. Devem manter-se os rastreios conforme preconizados e qualquer hemorragia uterina anormal na mulher pós-menopausa deve ser investigada.

QUANDO SUSPENDER?

Geralmente, o controlo dos sintomas é conseguido após tratamento de 3 a 5 anos. Se houver persistência dos sintomas com impacto na qualidade de vida a TH pode ser continuada, desde que a mulher seja informada dos riscos da TH acima dos 60 anos e tiver supervisão clínica. Nestes casos a extensão do uso é aceitável.

COMO SUSPENDER?

Uma suspensão gradual parece estar menos relacionada a recorrência dos sintomas a curto prazo. É importante que isso seja feito em conjunto com o seu médico.

Em mulheres com sintomas mais graves ou que parecem estar a recorrer, é útil uma suspensão da terapêutica ainda mais lenta, podendo demorar até um ano.

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