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Introdução

A síndrome do ovário poliquístico (SOP) afeta 10% das mulheres em idade fértil, associando-se a disfunção menstrual, reprodutiva e metabólica.

A causa não é compreendida, estando envolvidos fatores genéticos e de estilo de vida, que interferem no normal funcionamento do ovário, podendo apresentar-se como irregularidades menstruais, excesso de hormonas masculinas e/ou presença de múltiplos pequenos folículos nos ovários.

A SOP constitui a principal causa de infertilidade por distúrbios da ovulação (fenómeno de libertação do óvulo do ovário), que afetam 75% destas doentes.

Sinais e sintomas

A infertilidade define-se como a incapacidade de um casal engravidar após 12 meses de relações sexuais desprotegidas.

Os distúrbios da ovulação são responsáveis por 25% dos casos de infertilidade de causa feminina. Este diagnóstico pode ser facilmente estabelecido pela história clínica. As mulheres com menstruações regulares são na sua maioria ovulatórias; enquanto ciclos irregulares, imprevisíveis ou pouco frequentes podem associar-se a ovulação, mas de forma inconsistente.

Esta disfunção ovulatória está presente em 60 a 85% das mulheres com SOP, sendo frequente estas doentes apresentarem-se com queixas de menstruação pouco frequente ou ausente.

Estas doentes podem também referir queixas relacionadas com o excesso de hormonas masculinas como o aparecimento de pêlo em zonas corporais pouco habituais nas mulheres, acne (doença cutânea resultante da inflamação das glândulas sebáceas, provocando o aparecimento de borbulhas) e queda de cabelo. A maioria das doentes com SOP têm excesso de peso, apesar de este não ser um critério diagnóstico.

Um casal que pretenda engravidar deverá procurar ajuda médica e iniciar o estudo da causa da infertilidade após um ano de tentativas sem sucesso. Na presença de irregularidades menstruais, o estudo pode ser iniciado após 6 meses.

O estudo do casal infértil irá implicar a exclusão de outros fatores que contribuam ou sejam causa de infertilidade, pelo que avaliação do casal irá envolver um exame físico completo e a realização de exames laboratoriais.

 

O que fazer

O casal poderá também ter que ser submetido a vários outros exames:

  • Análises sanguíneas – que inclui rotina pré-concecional, doseamentos hormonais e avaliação da reserva ovárica.
  • Ecografia ginecológica: para confirmar a existência de múltiplos pequenos folículos nos ovários, que podem ser um dos critérios de SOP (embora a sua presença isolada não estabeleça o diagnóstico, nem a sua ausência a exclua). Permite avaliar também alterações presentes no músculo e camada interna do útero que possam prejudicar a fertilidade.
  • Histerossalpingografia ou histerossonossalpingografia: avaliação da permeabilidade das trompas uterinas e da cavidade uterina através da introdução de um contraste pelo colo do útero, obtendo imagens através de raios-X ou ecografia transvaginal.
  • Espermograma: avaliação da qualidade do esperma.

De acordo com os achados nestes exames (miomas, pólipos, sinéquias, suspeita de malformações ou endometriose), o estudo poderá ter que ser complementado por procedimentos cirúrgicos histeroscópicos / laparoscópicos:

  • Histeroscopia: técnica minimamente invasiva que consiste na introdução de instrumentos miniaturizados pelo colo do útero, permitindo a visualização da cavidade uterina e tratamento de eventuais alterações.
  • Laparoscopia: tipo de cirurgia minimamente invasiva que permite diagnosticar e tratar patologia pélvica através de pequenas incisões na pele.

Tratamento

Quando a anovulação é definida como a causa da infertilidade:

1.- Alterações de estilo de vida

Uma perda de peso em cerca de 5 a 10% em mulheres obesas é a medida de primeira linha e pode ser suficiente para restabelecer ciclos menstruais regulares e aumentar a sensibilidade à terapêutica farmacológica.

Está recomendada uma dieta hipocalórica (1200-1400 kcal/dia), exercício físico regular (mais de 250 minutos semanais de atividade de intensidade moderada ou 150 minutos de atividade vigorosa) e promoção de uma boa higiene do sono.

A cirurgia bariátrica (ex: bypass gástrico) poderá ser considerada como medida de 2ª linha no caso de obesidade resistente a intervenções no estilo de vida e/ou medidas farmacológicas. Deverá ser evitada a gravidez nos primeiros 12 meses pós-cirurgia.

2.- Indução da ovulação

Os indutores da ovulação, na forma de comprimidos ou injeções, têm como objetivo estimular o crescimento de um folículo até à ovulação, sendo o processo monitorizado ecograficamente. O casal recebe depois instruções para ter relações sexuais programadas ou é agendada a introdução no útero de uma amostra de esperma otimizada em laboratório (inseminação artificial ou inseminação intrauterina, IIU).

3.- Fertilização in vitro/injeção intracitoplasmática de espermatozóide

Indicados na ausência de resposta a indutores da ovulação ou na presença de outros fatores de infertilidade. Implica a estimulação ovárica controlada com medicação injetável com o objetivo de desenvolver vários folículos simultaneamente, pelo que condiciona maior risco de o ovário apresentar uma resposta exagerada (síndrome de hiperestimulação ovárica).

A estimulação decorre num período médio de 10 a  12 dias, sob monitorização ecográfica frequente, sendo os ovócitos depois recolhidos num procedimento de punção folicular através da vagina, sob sedação. Os ovócitos assim obtidos serão fertilizados pelos espermatozóides no laboratório de embriologia. Os embriões gerados poderão ser transferidos para o útero a fresco, 2 a 5 dias após a punção, ou poderão ser congelados e transferidos posteriormente.

4.- Cirurgia

Drilling ovárico – procedimento cirúrgico minimamente invasivo que consiste na utilização de energia elétrica para realizar pequenos furos na superfície dos ovários.

A perfuração irá levar à diminuição da produção de hormonas masculinas pelo ovário, o que poderá restaurar a normal maturação folicular e ovulação.

Pode ser considerada como uma alternativa em mulheres resistentes a indutores de ovulação orais, apresentando efeitos a longo prazo, menor risco de hiperestimulação ovárica e de gravidez gemelar. Os riscos cirúrgicos e de potenciais efeitos adversos sobre a reserva ovárica devem ser ponderados.

Evolução / Prognóstico

A taxa cumulativa de parto de nado vivo é superior a 70% aos 24 meses em pacientes com SOP tratadas com agentes indutores da ovulação.

A SOP condiciona um maior risco obstétrico. Estas grávidas apresentam maior probabilidade de abortamento, diabetes gestacional, doença hipertensiva da gravidez, restrição de crescimento fetal, parto pré-termo e parto por cesariana.

Prevenção / Recomendações

A síndrome de hiperestimulação ovárica é uma complicação incomum (incidência de 1% na forma grave), mas potencialmente fatal, da indução da ovulação, resultante de uma resposta excessiva dos ovários à medicação hormonal administrada.

A melhor forma de prevenção consiste no reconhecimento de fatores de risco para o seu desenvolvimento – dos quais a SOP é um exemplo - implicando por isso o ajuste da medicação e doses utilizadas.

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Síndrome do Ovário Poliquístico

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