Métodos barreira em contracepção (femininos e masculinos)
Introdução
Os métodos de barreira são métodos contracetivos que funcionam impedindo os espermatozoides (célula reprodutiva masculina) de alcançarem o ovócito (célula reprodutiva feminina). Alguns métodos de barreira, para além do efeito contracetivo, também protegem contra infeções sexualmente transmissíveis (IST) (1).
Este conjunto de métodos contracetivos inclui:
- Preservativo masculino (externo)/feminino (interno);
- Diafragma;
- Capuz cervical.
Epidemiologia
Em termos de eficácia, estes métodos não são tão efetivos na prevenção de gravidez quanto outros métodos contracetivos, como por exemplo os implantes subcutâneos, dispositivos intrauterinos (DIU) ou injetável. 18 a 28% de mulheres que utilizam um método de barreira vão engravidar ao final de um ano (1).
Estes métodos têm maior eficácia quando usados corretamente em cada relação sexual.
O que fazer
PRESERVATIVO MASCULINO/FEMININO
O preservativo funciona como uma barreira física que impede que os espermatozoides entrem no útero e cheguem a um óvulo ou ovócito. Estão disponíveis dois tipos de preservativos:
- Preservativo masculino (externo): feito de látex (borracha) ou poliuretano (plástico) é usado sobre o pénis ereto durante as relações sexuais. Os preservativos fornecem a melhor proteção contra muitas IST, incluindo o vírus da imunodeficiência humana (VIH).
- Preservativo feminino (interno): é uma bolsa de plástico fina que reveste a vagina. É mantido no lugar por um anel interno fechado no colo do útero e um anel externo aberto na região externa da vagina. Proporciona alguma proteção contra as IST (1).
I.- PRESERVATIVO MASCULINO (EXTERNO)
De todos os métodos contracetivos disponíveis, o preservativo masculino oferece a melhor proteção contra IST. Dentro das IST, estes conferem uma alta eficácia na prevenção da transmissão de VIH, no entanto, apresentam menor proteção nas IST associadas a úlceras genitais ou vírus do papiloma humano (HPV) (infeções transmitidas por áreas não protegidas pelo preservativo).
Os preservativos não são tão bons quanto outros métodos na prevenção da gravidez, pelo que em mulheres em que a gravidez constitua um risco inaceitável deve ser aconselhada a associação dos métodos barreira e métodos com maior eficácia contracetiva, por exemplo, hormonais. A associação de preservativo e outro método é a melhor maneira de proteger contra uma gravidez não planeada e de IST. De ressalvar também o facto de não apresentarem efeitos sistémicos. A eficácia depende da utilização correta e uso sistemático (2, 3).
Os preservativos de látex e os de poliuretano apresentam uma eficácia contracetiva semelhante, no entanto, os primeiros conferem maior proteção contra IST e um menor risco de rotura. A alergia ao látex é rara, no entanto, quando presente deve recomendar-se o uso de preservativos de poliuretano. Quanto ao uso concomitante de lubrificantes, de ressalvar que os lubrificantes oleosos interferem na eficácia contracetiva e proteção de IST dos preservativos de látex, pelo que, neste caso, só devem ser associados lubrificantes aquosos. No que respeita aos preservativos de poliuretano, não existe qualquer interferência na eficácia contracetiva ou proteção contra IST se utilizados concomitantemente com lubrificantes oleosos. A associação a terapêuticas tópicas pode interferir na eficácia contracetiva de ambos os tipos de preservativo (3).
A data de validade inscrita na embalagem do preservativo deve ser respeitada, sendo habitualmente 5 anos ou 2 anos caso contenham espermicida. Não se recomenda a abertura da embalagem com objetos cortantes (incluindo unhas ou dentes) (3).
Como colocar o preservativo masculino?
1. Coloque o preservativo enrolado sobre a ponta do pénis ereto com o lado enrolado virado para fora.
2. Segure a extremidade do preservativo para permitir um pouco de espaço extra na ponta. Em seguida, role o preservativo sobre o pénis.
3. Logo após a ejaculação, segure o preservativo em torno da base do pénis à medida que o pénis é retirado da vagina para evitar que escorregue. Deite fora o preservativo. Nunca reutilize preservativos (1).
II - PRESERVATIVO FEMININO (INTERNO)
Embora o seu uso esteja menos difundido quando comparado com o preservativo masculino, este apresenta uma taxa de falência semelhante (2 a 18% de falhas no 1º ano de utilização para o preservativo masculino versus 5 a 21% para o preservativo feminino) (3). É um método de uso único que para além do efeito contracetivo, oferece proteção contra a transmissão de IST, embora este efeito esteja menos estudado (4).
Os preservativos femininos são fabricados em poliuretano, pelo que se podem associar a lubrificante oleoso. Apresentam a vantagem de poderem ser colocados na vagina até 8 horas antes da relação e não é necessária a retirada imediata do pénis após a ejaculação. Em casos de disfunção erétil podem ser mais cómodos de utilizar do que o masculino, para além de serem também mais resistentes que o preservativo masculino de látex (1, 3).
Como desvantagens, de salientar o seu custo mais elevado e a dificuldade de aprendizagem da técnica correta de inserção. Não se devem nunca associar preservativos externos e internos sob pena de rotura dos mesmos por fricção (3, 4).
Como colocar o preservativo feminino?
1. Aperte o anel interno entre os dedos e insira-o na vagina na medida do possível. Empurre o anel interno para cima até que ele esteja logo atrás do osso púbico. Cerca de uma polegada da extremidade aberta deve estar fora do seu corpo.
2. Logo após a ejaculação, torça o anel externo fechado e puxe a bolsa para fora suavemente. Deite fora o preservativo. Não o reutilize (1).
Indicações para contraceção de emergência durante o uso de preservativo externo/interno
Ambos os tipos de preservativos podem rasgar ou extravasar. Se isto acontecer, deve ser considerada a utilização de contraceção de emergência (“pílula do dia seguinte” ou dispositivo intrauterino de cobre colocado por profissional de saúde) (3).
O que é o espermicida?
Os espermicidas são compostos por substâncias que diminuem a capacidade de fecundação dos espermatozoides. Podem apresentar-se sob a forma de creme, gel, espuma, comprimidos vaginais, esponja, cone ou membrana. Não têm efeitos sistémicos, são de fácil utilização e não necessitam de acompanhamento médico (1).
O espermicida deve ser colocado na vagina e não no preservativo, podendo aumentar a lubrificação vaginal. Alguns preservativos são vendidos já revestidos com espermicida.
A eficácia depende da utilização correta e sistemática. A sua ação pode ser melhorada e potenciada, se conjugado com outro método contracetivo. Tem uma taxa previsível de 18% a 20% de falhas durante o 1.º ano de utilização (5).
Como desvantagens salienta-se a associação a reações alérgicas ou irritativas na mulher ou no homem e um maior risco de infeção urinária (1).
III.- DIAFRAGMA
O diafragma é um pequeno dispositivo de silicone ou látex em forma de cúpula que se encaixa dentro da vagina e recobre o colo do útero. Deve ser utilizado com espermicida (vide supra). Existem dois tipos de diafragmas:
- Diafragma de tamanho individual, que deve ser escolhido por um profissional de saúde. Se ganhar ou perder 10 quilos, tiver um bebé ou for operada ao abdómen ou pélvis, deve ser reajustado porque o tamanho e a forma do colo do útero e da vagina podem mudar.
- Diafragma de tamanho único, que se adapta à maioria das mulheres (1).
Quando utilizado em conjunto com espermicida, a taxa de falência anual em cada 100 mulheres é de 6 a 12% (5).
Os diafragmas não protegem contra as IST, incluindo o VIH. Um preservativo masculino ou feminino deve ser usado com o diafragma para fornecer proteção contra IST. Após o parto, deve aguardar 6 semanas para usar um diafragma, até que o útero e o colo do útero voltem ao tamanho normal.
As vantagens incluem o facto de não ser um método hormonal, pelo que não interfere com as hormonas naturais do corpo feminino, não altera a composição e qualidade do leite nas mulheres que amamentam, e pode ser inserido várias horas antes da relação sexual, oferecendo mais flexibilidade do que, por exemplo, o preservativo masculino.
Quanto aos riscos ou efeitos secundários: não protege contra IST, incluindo o VIH, pode causar irritação vaginal ou aumentar o risco de infeção urinária, e, embora muito raro, pode ser a causa de Síndrome do Choque Tóxico caso seja deixado na vagina por mais de 24 horas.
Como colocar o diafragma?
1. Aplique gel espermicida em torno da borda e dentro da cúpula do diafragma (o lado que estará voltado ou em contato com o colo do útero).
2. Aperte a borda ou os lados do diafragma entre os dedos. Insira o diafragma na vagina. Dobre a borda frontal do diafragma até onde ele vai confortavelmente. A parte da frente da borda deve estar atrás do osso púbico.
3. Alcance o interior da vagina com o dedo mais longo para verificar se o colo do útero está completamente coberto pelo diafragma. O colo do útero parece algo como a ponta do nariz. Verifique o posicionamento do diafragma após a relação sexual. Se o diafragma se moveu, considere tomar contraceção de emergência (1).
Recomendações de uso
O diafragma deve permanecer no lugar durante 6 horas após a relação sexual, mas não mais do que 24 horas no total. Caso ocorram relações sexuais novamente nesse período, deve ser aplicado mais espermicida com um aplicador no fundo da vagina, sem remover o diafragma. Se esse for o caso, devem ser aguardadas mais 6 horas antes de retirar o diafragma (5).
Para a remoção deve puxar-se suavemente a borda frontal. A sua lavagem deve ser realizada com água e sabão neutro; o sabão deve ser bem enxaguado e o diafragma secado e colocado de volta no estojo (5).
O diafragma deve ser verificado frequentemente quanto a furos, segurando-o contra a luz. Os de látex devem ser substituídos a cada 2 anos. Os de silicone podem durar mais tempo. O de tamanho único dura cerca de 5 anos.
Saber Mais
Preservativo masculino (externo)
Preservativo feminino (interno)
Diafragma
IST
Espermicida
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