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Introdução

O rastreio populacional  do cancro do colo do útero (CCU) em Portugal, destina-se às mulheres com idade entre os 25 e os 60 anos. O seu objetivo é diagnosticar e tratar lesões pré-malignas ou cancro em fases iniciais, de forma a reduzir a incidência e mortalidade .

Frequência

O CCU é o cancro ginecológico mais comum a nível mundial (excluindo mama). Em Portugal, em 2022, a incidência e mortalidade de CCU foi de 11,1 e 3,5/100.000 mulheres/ano, respetivamente. 

Causa

O papiloma vírus humano (HPV), nomeadamente as suas variantes de alto risco,  é responsável por 99,7% dos casos de CCU.  80% da população feminina vai ter uma infeção por HPV ao longo da sua vida. 90% das mulheres infetadas vão eliminar o HPV ao fim de 12-18 meses através da ação do sistema imunitário. 

Apenas 10% das mulheres desenvolvem infeção persistente pelo HPV que a longo prazo, pode causar alterações celulares precursoras de CCU e CCU.

Sinais e sintomas

As lesões pré-malignas e em fases iniciais podem não dar sintomas, daí a importância do rastreio.

Na presença de sintomas estes podem ser: sangramento vaginal, fora da menstruação ou após as relações sexuais, corrimento vaginal anómalo, com cheiro fétido, e cor fora do habitual, dor durante as relações sexuais e dor lombar ou pélvica.  

O que fazer

Atualmente existem dois métodos de rastreio utilizados para identificar as doentes com risco aumentado de desenvolver CCU:

- A citologia cérvico-vaginal ou teste do Papanicolau

- A pesquisa do HPV de alto risco 

Ambos os testes são realizados a partir de uma amostra de células da superfície externa do colo útero e do canal endocervical, com um instrumento específico (espátula ou escova). Estas são colocadas num frasco em meio líquido, e enviadas para o laboratório. Esta colheita é feita durante um exame ginecológico realizado por um profissional de saúde, no centro de saúde ou num hospital. 

No passado, a citologia cérvico-vaginal ou teste do Papanicolau era o teste mais utilizado no rastreio do CCU. Contudo, nos últimos anos, a evidência científica mostrou que a pesquisa do HPV como teste de rastreio primário tem maior sensibilidade para detectar lesões pré-malignas e melhor desempenho na prevenção de CCU. 

Assim, a amostra recolhida é submetida primariamente a uma pesquisa das variantes de alto risco do HPV (HPV-AR) - 16, 18, 31, 33, 34, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 66, 68, 70.

Se o resultado da pesquisa de HPV-AR for negativo, o rastreio é repetido dentro de 5 anos 

Se o resultado da pesquisa de HPV-AR for positivo para as variantes 16 ou 18, a mulher é encaminhada para uma consulta hospitalar, para a realização de um exame designado de colposcopia.

Se o resultado da pesquisa de HPV-AR for positivo para outras variantes, é realizada na mesma amostra, a citologia cérvico-vaginal para avaliar se existem alterações nas células.

Se houver alterações celulares, é encaminhada para uma consulta hospitalar para a realização de um exame designado de colposcopia. Se não houver alterações celulares, repete a colheita dentro de 1 ano.

A colposcopia é um exame visual da vagina e do colo do útero, essencial na detecção de lesões no colo do útero.

A colposcopia, permite identificar lesões, caracterizar a sua localização e dimensão. Por outro lado, permite a realização de biópsia, ou seja, retirar uma amostra de tecido da zona onde as lesões foram detectadas. Posteriormente, essa amostra é enviada para laboratório para determinar se existem alterações celulares e se será necessário tratamento.

O instrumento utilizado na colposcopia é o colposcópio, que permite iluminar a região e ampliar a imagem entre 10 a 40 vezes, de forma a ser possível observar a vulva, a vagina e o colo do útero e efectuar biópsias localizadas.

Evolução / Prognóstico

Atualmente o rastreio populacional em Portugal prevê uma periodicidade de 5 anos se for realizada a pesquisa do HPV-AR. 

Quando a infeção pelo HPV persiste, poderão desenvolver-se lesões no colo do útero que são designadas de lesões de baixo grau e de alto grau.

As lesões de baixo grau, em geral, carecem apenas de vigilância. Apenas 10% destas lesões vão progredir para lesões de alto grau, que são consideradas como percursoras do CCU. Mesmo assim, apenas 2-4% das lesões de alto grau progridem para cancro, em geral passados 10-20 anos desde a infecção inicial.

Prevenção / Recomendações

A adesão ao programa de rastreio permite a deteção de alterações pré-malignas, que se não tratadas, podem evoluir para cancro. 

A vacinação contra o HPV é também uma medida preventiva contra o CCU e deve ser recomendada a todas as mulheres (exceto grávidas), que não estejam vacinadas. Apesar dos estudos existentes demonstrarem eficácia da vacina até aos 45 anos, os benefícios aplicam-se também a mulheres >45 anos, sendo recomendada a vacinação, se for aceite pela mulher.

A vacina demonstrou uma eficácia de 97% na prevenção de lesões pré-malignas e de CCU, se administrada antes de iniciar a vida sexual, mas também já provou reduzir 69% o risco de recorrência de lesões de alto grau em mulheres tratadas para tal. 

A evicção ou cessação tabágica, a adopção de um estilo de vida saudável e a utilização do preservativo demonstraram reduzir o risco de infecção por HPV.

Saber Mais

Orientações de Consensos para a Abordagem de Rastreios Alterados nos Testes de Rastreio do Cancro do Colo do Útero pela SPCPTGI

Despacho nº 8254/2017, de 21 de setembro – Diário da República

Liga Portuguesa Contra o Cancro – Cancro do Colo do Útero 

Rastreios Oncológicos – SNS24

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