Cancro do ovário, trompa e peritoneu
Introdução
O termo “cancro do ovário” engloba vários tipos de cancro que afetam o ovário e a trompa. Pode ser dividido em vários grupos, de acordo com as células que lhe dão origem. Este artigo retrata o grupo mais comum, o dos tumores epiteliais, dos quais 75% são carcinomas serosos de alto grau.
Frequência
Afecta cerca de 6,7/100.000 mulheres globalmente e, embora com baixa incidência, associa-se a elevada mortalidade.
Causa
Desconhece-se a causa do cancro do ovário, mas alguns fatores de risco estão bem estabelecidos: idade avançada, infertilidade, endometriose, tabagismo e história pessoal ou familiar de cancro (mutações genéticas associadas a cancro hereditário).
Sinais e sintomas
Nos estádios iniciais, o cancro do ovário apresenta poucos ou nenhuns sintomas, o que contribui para o atraso no diagnóstico. Pode, raramente, ser identificada uma massa pélvica suspeita em exames de imagem feitos por outro motivo.
Nos estádios mais avançados os sintomas mais comuns são:
- dor abdominal ou pélvica,
- distensão abdominal (“barriga inchada”),
- enfartamento/sensação de “estômago cheio”, dificuldade em alimentar-se,
- emagrecimento
- cansaço,
- obstipação (“prisão de ventre”) ou diarreia,
- necessidade de urinar muitas vezes.
O que fazer
Perante a suspeita de cancro do ovário é necessário pesquisar sinais no exame objetivo (palpação abdominal, exame ginecológico) e realizar exames complementares de diagnóstico para estudar a lesão e avaliar a extensão da doença:
- ecografia abdominal e pélvica,
- análises (marcadores tumorais),
- tomografia computorizada (TC) abdominal e pélvica ou ressonância magnética (RM),
- radiografia de tórax ou TC torácica
- ocasionalmente, biópsia da lesão.
Tratamento
A abordagem cirúrgica é a opção de primeira-linha, devendo ser realizada sempre que possível.
O tratamento do cancro do ovário é ajustado de acordo com a extensão da doença (estadiamento):
- nos estádios iniciais – I e II – o tratamento é cirúrgico, incluindo histerectomia total, salpingo-ooforectomia bilateral e linfadenectomia pélvica e para-aórtica (remover útero, trompas, ovários e gânglios pélvicos e para-aórticos). O objetivo é remover toda a doença visível, pelo que sempre que se identifiquem metástases poderão ser removidos outros órgãos/segmentos de órgãos afetados (exemplo: baço, intestino);
- nos estádios avançados – III e IV – quando a cirurgia não é possível, a primeira abordagem passa pela quimioterapia. A abordagem cirúrgica deve ser avaliada caso a caso.
A maioria das doentes terá indicação para quimioterapia pós-operatória, podendo ser omitida apenas nas doentes com tumores de baixo risco em estádio I.
Evolução / Prognóstico
O prognóstico depende do tipo de tumor, doença residual após cirurgia, idade e estado geral da doente. Devido à agressividade destes tumores, o risco de recidiva é elevado.
Recomenda-se vigilância clínica regular durante os primeiros 5 anos após o diagnóstico, podendo ser necessário realizar análises de sangue e exames de imagem se o médico considerar relevante.
Prevenção / Recomendações
O rastreio do cancro do ovário não está recomendado, pois a realização de ecografia ginecológica ou análises (marcadores tumorais), por rotina, não melhora o diagnóstico precoce.
Alguns fatores estão associados à diminuição do cancro do ovário: gravidez, amamentação, uso de contracetivos orais e laqueação bilateral das trompas.
Recomenda-se a realização de salpingectomia (retirar as trompas) para reduzir o risco de cancro do ovário nas mulheres submetidas a cirurgia ginecológica por outra indicação e que não desejem engravidar.
Mulheres portadoras de mutações genéticas que aumentam o risco de cancro do ovário são candidatas a cirurgia redutora de risco, que consiste na remoção das trompas e ovários pelos 35-40 anos, ou uma vez completo o projeto reprodutivo.
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