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Introdução

A adenomiose é uma patologia uterina benigna que se caracteriza pela presença de tecido do endométrio, a porção mais interna do útero, na parede uterina, isto é no tecido muscular miometrial. Por seu lado, a infertilidade consiste na ausência de gravidez após um ano de relações sexuais desprotegidas.

Este artigo pretende abordar a sintomatologia, exames complementares e tratamentos da adenomiose em contexto de infertilidade.

Frequência

A adenomiose é uma patologia frequente nas mulheres em idade reprodutiva. Contudo, ainda é desconhecida a proporção de mulheres em que a adenomiose é a única causa de infertilidade identificada. 

Causa

O efeito da adenomiose na fertilidade natural da mulher não é completamente conhecido e está em estudo. 

Sinais e sintomas

A adenomiose pode não estar associada a sintomas e ser diagnosticada em ecografias ginecológicas de rotina.

Quando tem sintomas associados, pode causar hemorragia abundante durante a menstruação e/ou hemorragia fora do período menstrual; dor pélvica no período menstrual; dor nas relações sexuais; dor pélvica crónica; dificuldade em engravidar e até impacto negativo em gravidez. 

O que fazer

Num casal que está a tentar engravidar há mais de 12 meses consecutivos, é importante recorrer a consulta médica com médico assistente para ser realizada uma avaliação inicial.

Se necessário, o casal poderá ser referenciado a unidade de Medicina de Reprodução, onde poderão ser realizados estudos adicionais e propostos planos terapêuticos adequados a cada situação.

Nas mulheres com suspeita de adenomiose, a ecografia ginecológica endovaginal é o meio de diagnóstico mais frequentemente usado pela sua elevada capacidade diagnóstica e possibilidade de avaliação completa dos órgãos ginecológicos. A avaliação do útero em três dimensões (3D) pode complementar o estudo ecográfico e permitir um estudo mais pormenorizado da extensão e características da adenomiose. 

Adicionalmente, podem estar indicados outros exames complementares de diagnóstico em situações específicas. Estes exames incluem: a ressonância magnética, que pode ser útil quando, para além de adenomiose, há suspeita de miomas uterinos e/ou endometriose e em situações em que a avaliação ecográfica foi incompleta, difícil ou não satisfatória; e a histeroscopia diagnóstica, que permite a visualização direta da cavidade endometrial e avaliar possíveis focos de adenomiose e outras patologias que atingem o endométrio.

Tratamento

A abordagem terapêutica da adenomiose será direcionada para o contexto da infertilidade. 

Tratamento Médico

As medicações usadas no contexto de mulheres que pretendem engravidar são muitas vezes tomadas transitoriamente antes de tentativa de gravidez espontânea ou do início de tratamentos de procriação medicamente assistida e parecem ter efeito positivo nos desfechos reprodutivos.

O tratamento com medicações denominadas “agonistas da hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH)”, para além de diminuir a dor durante a menstruação e as hemorragias anormais, aumentam a probabilidade de gravidez espontânea e de gravidez por técnicas de procriação medicamente assistida. Contudo, estas medicações podem ter efeitos laterais indesejáveis como calores, afrontamentos, secura vaginal, alterações do humor, entre outros. Recentemente, o relugolix associado a estradiol e acetato de noretisterona demonstrou eficácia semelhante aos agonistas da GnRH, com a vantagem de ser melhor tolerado e ter menos efeitos secundários indesejáveis. 

Os “progestativos” também são uma opção eficaz. De igual forma, antes da realização dos ciclos de tratamentos de procriação medicamente assistida, estas medicações permitem melhorar os sintomas e aumentar a probabilidade de gravidez após o tratamento. Existem várias formulações e formas de administração, nomeadamente medicações que podem ser administradas por via oral (por exemplo, dienogest) ou por via intra-uterina (é aplicado temporariamente um dispositivo intra-uterino que liberta o progestativo levonogestrel). 

A escolha do tratamento depende de vários fatores individuais e do casal. As várias possibilidades terapêuticas são discutidas caso a caso, com ponderação dos riscos e benefícios de cada opção e envolvimento da doente no processo de decisão.

Tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico da adenomiose em contexto de infertilidade não está recomendado na maioria dos casos. 

Existem outras opções terapêuticas propostas como os ultrassons de elevada frequência e a ablação por radiofrequência que, de forma minimamente invasiva, ajudam a reduzir e até eliminar as lesões de adenomiose. Estas técnicas não estão completamente disponíveis na prática clínica e estão ainda em estudo quanto à fertilidade posterior.

Evolução / Prognóstico

O prognóstico destas situações está em maior parte dependente da idade da mulher, da extensão da adenomiose e da coexistência de outras patologias ginecológicas como a endometriose. Cada caso deve ser avaliado individualmente, com ponderação dos riscos e dos benefícios dos tratamentos e das expectativas de futura gravidez.

De facto, o tratamento médico de mulheres com adenomiose mostrou ser útil tanto para casais que pretendiam engravidar de forma espontânea como para casais em processo de tratamentos de procriação medicamente assistida. 

Prevenção / Recomendações

À luz dos conhecimentos atuais, é ainda difícil estabelecer uma relação causal direta e inequívoca entre a adenomiose e a infertilidade e definir com exatidão a abordagem clínica e terapêutica mais eficaz. 

Nos últimos anos, têm sido feitos avanços significativos no estudo e tratamento da adenomiose, com melhoria significativa da qualidade de vida e do potencial de fertilidade destas mulheres. 

Saber Mais

“Avaliação do casal com infertilidade”

"Adenomiose"

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