Reserva ovárica
Introdução
Cada mulher nasce com um número finito de folículos no ovário (estruturas constituídas pelo óvulo rodeado por células), que constitui a sua reserva ovárica. A reserva ovárica está ligada ao potencial reprodutivo e diminui ao longo da vida, começando aos 30 anos, e diminui também a qualidade dos óvulos.
Frequência
Em mulheres com infertilidade (ausência de gravidez após 12 meses de relações sexuais desprotegidas e regulares), 10 a 30% têm baixa reserva ovárica.
Causa
O principal fator com impacto da reserva ovárica é a idade da mulher. Outros fatores que contribuem para uma baixa reserva ovárica são o tabagismo, as doenças auto-imunes, a endometriose, algumas doenças genéticas e antecedentes de quimioterapia ou radioterapia, infeções pélvicas ou cirurgias abdominais. Em alguns casos não se identifica uma causa.
Sinais e sintomas
Numa mulher com baixa reserva ovárica é mais provável que haja dificuldade em engravidar futuramente, pois apresenta menos óvulos disponíveis para fecundar do que a média das mulheres da sua idade.
A maioria das mulheres é assintomática, não se diagnosticando uma baixa reserva ovárica até se perceber esta dificuldade em engravidar, com eventual diagnóstico de infertilidade. No entanto, numa mulher que não usa métodos contracetivos hormonais, estar alguns meses sem menstruar ou ter ciclos menstruais mais curtos, pode ser um sinal de alarme.
A única forma de saber se tem uma baixa reserva ovárica é fazendo exames que incluem colheita de sangue para dosear uma hormona e uma ecografia ginecológica. No entanto, nenhum dos testes é capaz de prever a capacidade de a mulher obter uma gravidez no futuro.
O que fazer
Análises sanguíneas
O valor da hormona anti-Mülleriana (HAM) relaciona-se com o número de folículos existentes: quanto maior o valor, maior o número de óvulos disponíveis.
Ecografia ginecológica
Permite contar o número de folículos antrais nos ovários, estando o seu número relacionado com os óvulos disponíveis. Esta avaliação pode ser realizada em qualquer fase do ciclo menstrual.
A utilização de contracetivos hormonais pode afetar os resultados (os resultados podem estar falsamente diminuídos), pelo que pode ser necessária a sua reavaliação após suspensão.
Tratamento
Até agora, não se consegue desacelerar a diminuição do número de óvulos da mulher.
Assim, uma mulher com diagnóstico de baixa reserva ovárica e que pretende engravidar (agora ou futuramente), deve ter acesso a aconselhamento reprodutivo, nomeadamente incentivando a gravidez e/ou desaconselhando o adiamento da maternidade.
Caso a mulher com baixa reserva ovárica tenha dificuldade em engravidar, com mais de 6 meses de relações sexuais regulares e sem contraceção, pode ser ponderado o recurso a técnicas de procriação medicamente assistida (PMA).
Num casal com infertilidade, com diagnóstico de baixa reserva ovárica e ciclos de PMA prévios sem sucesso, poderá ser ponderado o recurso a óvulos de uma dadora.
No caso da mulher com baixa reserva ovárica e sem um projeto de parentalidade definido, pode estar indicado o aconselhamento sobre a criopreservação de ovócitos com um especialista da área da Medicina da Reprodução. Esta técnica consiste na estimulação ovárica, com posterior punção folicular em bloco operatório para recolha dos óvulos que estão presentes nos ovários e posterior congelação dos mesmos.
No futuro, no caso da mulher pretender uma gravidez e, caso não engravide espontaneamente, proceder-se à descongelação dos ovócitos, seguida do uso de técnicas de PMA (fecundação in vitro ou microinjeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI)) e eventual transferência do embrião (fase inicial do desenvolvimento de um bebé) para o útero.
Apesar de não ser garantida uma gravidez, a taxa de sucesso é maior em mulheres com óvulos criopreservados em idade mais jovem e/ou com um maior número de óvulos criopreservados.
Evolução / Prognóstico
Uma mulher com baixa reserva ovárica, atualmente, não consegue “recuperá-la”, tendo tendência à diminuição contínua com a idade, até entrar na menopausa (altura em que a mulher deixa de ser fértil, não havendo óvulos com qualidade disponíveis).
Assim, mulheres com baixa reserva ovárica podem entrar na menopausa mais precocemente que a população normal.
Prevenção / Recomendações
A idade é o principal fator a ter em conta na diminuição da fertilidade. O excesso ou baixo peso, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo também aumentam a probabilidade de infertilidade.
Se tiver marcadores de baixa reserva ovárica, saiba que estes não predizem a capacidade de obter uma gravidez. Contudo, traduzem a resposta ovárica à estimulação ovárica, ou seja, a menor reserva ovárica correlaciona-se com um menor número de óvulos obtidos na punção folicular. Este é um fator importante para obtenção de uma gravidez em mulheres com infertilidade.
Adicionalmente, deverá ter aconselhamento reprodutivo por um especialista.
Saber Mais
- Insuficiência Ovárica Prematura
- Menopausa Precoce
- cuidadatuafertilidade.pt/
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