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Introdução

A infertilidade diz respeito à incapacidade de um casal conseguir uma gravidez após um ano de relações sexuais desprotegidas e frequentes, sendo que a procriação medicamente assistida (PMA) surgiu com o objetivo de dar resposta a estes casais.

Atualmente, existem cada vez mais casais que procuram tratamentos de PMA, não só pelo adiamento da maternidade por questões pessoais ou profissionais, mas também pelo conhecimento da existência destas técnicas e pela taxa de sucesso cada vez maior. No entanto, a maior procura e realização destes tratamentos aumenta a preocupação acerca de possíveis riscos para a saúde da mulher.

Avaliar os riscos possíveis para a saúde da mulher é uma tarefa difícil, pois muitas vezes a informação é controversa. De seguida, descrevem-se os possíveis riscos mais importantes e a informação existente.

Sinais e sintomas

Riscos a curto prazo

Acidente vascular cerebral (AVC)

A informação existente acerca da PMA e risco de AVC é, em alguns pontos, contraditória, pois muitas vezes as mulheres que recorrem a estes tratamentos têm uma idade mais avançada e são menos saudáveis. No entanto, o número total de AVC após PMA é baixo.

Trombose venosa

A utilização de estrogénios (hormona normalmente produzida pelo ovário da mulher) é um fator de risco para ocorrência de tromboses em algumas mulheres.

A informação relativa a PMA e risco de trombose não é consensual, mas pensa-se que pode existir maior risco de trombose durante a gravidez (maior no primeiro trimestre). 

Apesar do número total de tromboses após PMA ser baixo, é prudente que a mulher conheça os sinais de alarme que podem fazer suspeitar de uma trombose e que devem motivar observação médica.

Riscos a médio / longo prazo

Risco cardiovascular

Os eventos cardiovasculares são responsáveis por uma em cada três mortes no mundo, sendo que a obesidade, o tabaco, a hipertensão e a diabetes são fatores que aumentam o seu risco. Além destes fatores, sabe-se também que mulheres que tiveram pré-eclâmpsia (complicação da gravidez caracterizada por tensão arterial elevada e perdas elevadas de proteínas pela urina) numa gravidez anterior ou que sofreram vários abortos podem ter maior risco destes eventos no futuro.

Relativamente à PMA, a informação disponível, apesar de limitada, não demonstra um maior risco de eventos cardiovasculares futuros.

Risco oncológico

  • Cancro da mama

Ainda hoje se desconhece em parte o que provoca o cancro da mama. Alguns fatores de risco conhecidos são a primeira menstruação em idade precoce e a menopausa em idade tardia.

Relativamente à PMA, a informação existente não encontra um maior risco de cancro da mama em mulheres submetidas a tratamentos, embora se deva evitar utilizar o citrato de clomifeno (medicamento usado para induzir a ovulação) de forma prolongada.

  • Cancro do endométrio

A maior parte dos cancros do endométrio (tecido que reveste internamente o útero e que descama durante a menstruação) surgem por existir um aumento dos níveis de estrogénio comparativamente à progesterona. A obesidade, o défice de progesterona e a ausência de ovulação são fatores que aumentam esse desequilíbrio.

A informação existente acerca de PMA e cancro do endométrio é controversa e não permite tirar conclusões. No entanto, é importante saber que algumas causas de infertilidade (como as descritas anteriormente) podem aumentar esse risco por si só, sem qualquer associação à realização de tratamentos.

  • Cancro do ovário

O cancro do ovário é o 7º cancro mais frequente na mulher, ocupando o 3º lugar nos cancros ginecológicos.

A obesidade, a infertilidade e a ausência de filhos são fatores de risco, e o maior número de filhos e a utilização de contraceção hormonal atuam como fatores protetores. 

A informação científica disponível sugere que mulheres com antecedentes de tratamentos de PMA têm um risco superior de desenvolver cancro do ovário, mas muitas vezes esse risco pode ser devido aos próprios antecedentes pessoais, como por exemplo a endometriose (causa importante de infertilidade). Apesar disto, o número total de cancros de ovário nestas mulheres continua baixo.

  • Cancro da tiróide

O cancro da tiróide é mais frequente em mulheres jovens, sendo o maior número de filhos e a utilização de hormonas exógenas (por exemplo, contracetivos orais) fatores de risco. 

A informação disponível relativa a PMA e cancro da tiróide é controversa, no entanto, alguns estudos identificam o citrato de clomifeno como fator de risco para o seu aparecimento, pelo que poderá haver um pequeno aumento deste risco.

A informação disponível relativa a PMA e cancro da tiroide é controversa, no entanto, alguns estudos identificam o citrato de clomifeno como fator de risco para o seu aparecimento, pelo que poderá haver um pequeno aumento deste risco.

  • Outras neoplasias

Relativamente ao melanoma (cancro de pele), a informação existente não permite tirar conclusões sobre o possível aumento do seu risco após PMA. Quanto ao cancro colorretal e ao do colo do útero, não parece haver maior risco de aparecimento em mulheres submetidas a tratamentos.

Prevenção / Recomendações

A avaliação de uma mulher ou casal com infertilidade deve ser feita por profissionais experientes, e em locais que assegurem uma correta vigilância de todo o processo. 

É essencial informar sempre a equipa de profissionais de saúde acerca dos antecedentes pessoais e familiares, bem como de sintomas de novo que apareçam no decurso dos tratamentos de PMA.

Tab. 1 – Resumo dos possíveis riscos da PMA para a saúde da mulher
RiscoConclusão
Curto prazo
Acidente vascular cerebralRisco aumentado
Trombose venosaRisco aumentado
Médio/longo prazo
CardiovascularRisco não aumentado
Cancro da mamaRisco não aumentado
(Mas evitar uso prolongado de clomifeno)
Cancro do endométrioNão é possível tirar conclusões
Cancro do ovárioRisco aumentado
(Mas provavelmente pela infertilidade em si, e não pela PMA)
Cancro da tiróideRisco aumentado
(Associado ao citrato de clomifeno)
Cancro do colo do úteroRisco não aumentado
Cancro colorretalRisco não aumentado
MelanomaNão é possível tirar conclusões

 

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